ATABAQUES

O Instrumento Sagrado da Umbanda



Em giras de Umbanda, é muito comum se ter presente o ataba­que, um instrumento lendário e de origem afro. Esse instrumento dá ritmo e axé aos cultos, possibilitando uma melhor incorporação e dando maior energia aos trabalhos.

O tambor mais antigo foi en­contrado em uma escavação de 6.000 anos A.C. Os primeiros tambores provavelmente consistiam em um pedaço de tronco de árvore oco. Es­tes troncos eram cobertos nas bor­das com peles de alguns répteis, e eram percutidos com as mãos, depois foram usadas peles mais resistentes e apareceram as primeiras baquetas. O tambor com duas peles veio mais tarde, assim como a variedade de tamanho. 

O atabaque veio para o Brasil através dos negros africanos, que foram escravizados e trazidos para o país. O instrumento é utilizado em quase todos os rituais afro-brasileiros e, dentro dos terreiros de Candomblé e Umbanda, é considerado sagrado. Também se encontra em outros países, que herdaram tradições da música ritualística religiosa. O atabaque é usado para convocar as entidades, os Orixás, Nkisis e Voduns.

O toque do atabaque emite vibrações que promovem a ligação entre os homens e seus guias e Orixás. Existem diferente toques, que emitem códigos e invocam uma ligação com o universo espiritual, atraindo as vibrações dos Orixás e entidades específicas. O som emitido pelo couro e madeira do atabaque conduz o Axé do Orixá, através das sinfonias africanas.

Os atabaques podem ser tocados de diferentes formas. Nas casas de Ketu, por exemplo, toca-se com a vara, enquanto nas casas de Angola se toca com a mão. Existem vários tipos de toques na Angola, cada um destinado a um Orixá diferente. Na Ketu, também funciona desta forma e toca-se com varinha de bambu ou goiabeira, que se chama aguidavi. Um trio de atabaques executa uma série de toques ao longo dos rituais, que precisam estar de acordo com os Orixás que serão evocados em cada momento do trabalho. Para auxílio dos tambores, são utilizados instrumentos como cabaças, agogô, curimbas, etc.

Atabaque (ou Tabaque) é um instrumento musical de percussão. O nome é de origem árabe: at-tabaq (prato). Constitui-se de um tambor cilíndrico ou ligeiramente cônico, com uma das bocas cobertas de couro de boi, veado ou bode.

Nos terreiros de Umbanda, o toque, cadência, força e luz espiritual do atabaque auxiliam na concentração, vibração e incorporação dos médiuns. Eles encontram-se desenvolvidos mediunicamente e espiritualmente para os trabalhos e cedem sua Coroa, sua voz e seu corpo para as respeitadas Entidades de luz, que auxiliam quem busca um caminho para os braços do Pai Maior dentro da religião.

Os atabaques são tambores estreitos e altos, afunilados usando apenas um couro e construídos para atrair diferentes vibrações quando são tocados. Eles mantêm o ambiente sob uma vibração homogênea, facilitando a concentração e atenção dos médiuns durante o ritual.

O atabaque é um dos principais objetos de um terreiro, um ponto de atração e vibração. As energias das Entidades de Luz e Orixás são atraídas e captadas pelos assentamentos e direcionadas ao Zelador, onde são concentradas e enviadas aos atabaques, que as modulam e distribuem aos médiuns da corrente.

Na Umbanda, existem três tipos de atabaques, essenciais para garantir ao médium uma incorporação segura. Eles são nomeados como Rum, Rumpi e Lê. Saiba um pouco mais sobre cada um deles.

Rum: Seu nome significa grande, ou maior. Normalmente, possui um metro e vinte centímetros de altura, fora a base. O atabaque rum emite o som mais grave. A partir dele, as energias chegam no Terreiro. A cadência mestre vem dele, ou seja, atrai o maior patamar de vibrações espirituais para os trabalhos mediúnicos, e também é conhecido como "Puxador".

Rumpi: Seu nome quer dizer médio ou mediano. Esse é um atabaque de tamanho médio, que varia entre oitenta centímetros e um metro de altura, fora a base. Seu som está entre o grave e o agudo. Cumpre uma função de proteção e tem a responsabilidade de fazer a maioria das dobras, ou repiques diferenciados, com uma entonação forte. O Rumpi garante o ritmo e mantem a harmonia. Ele sustenta a energia básica trabalhada pelo toque.

Lê: Seu significado é pequeno ou menor. Ele pode medir entre quarenta e cinco e sessenta centímetros de altura, fora a base. O Lê emite um som em tom agudo, ele que faz a ligação entre o som dos Atabaques e o som do canto. O atabaque Lê, precisa seguir sempre os toques do Rumpi. É tocado por quem está iniciando, o aprendiz que acompanha o Rumpi.

QUEM TEM PERMISSÃO PARA TOCAR O ATABAQUE?

Como elemento de firmeza e sustentação na Umbanda, os Atabaques também precisam ser devidamente preparados para a finalidade a que se destinam, devendo passar por procedimentos e preceitos próprios, como a deitada(recolhimento), consagrações e oferendas respectivas aos seus Orixás e Guias da apadrinhamento, conforme orientação do Guia Chefe do terreiro, sendo aconselhável não serem tocados por médiuns não iniciados. 

Nos terreiros de Umbanda e Candomblé, apenas os homens têm permissão para tocar os atabaques. Eles são chamados de Alabês, Ogãs ou Tatas e, para serem autorizados a tocar, devem passar por um ritual de iniciação muito importante. Em dias de festas e rituais, eles passam por um processo de purificação, antes de poder tocar o instrumento sagrado. Costumam tomar um banho preparado com ervas sagradas específicas. Ainda precisam cumprir algumas regras como restrições alimentares, de bebidas alcoólicas, etc.

Embora não incorporem nenhum Orixá ou entidade, a mediunidade dos Alabês, Ogãs ou Tatas se demonstra a partir da ligação com seus Orixás protetores, que os inspira e dá forças para tocarem por horas seguidas e noites a dentro em rituais. Através dos Orixás, eles sabem exatamente o que tocar e como fazê-lo, para cada entidade que está sendo invocado na ocasião.

É importante frisar que a Umbanda não tem Ogã. Este "título" somente se aplica ao Candomblé.

Os atabaques devem ser tratados com o máximo de respeito e nenhuma pessoa desautorizada deverá tocá-los, o que poderia colocar em risco o equilíbrio da gira e a faixa mediúnica dos médiuns da corrente.

O RESPEITO PELOS ATABAQUES

Em dias que não são feitas festas ou rituais, os atabaques ficam cobertos por panos brancos, que simbolizam respeito. Não é permitido que convidados toquem ou improvisem algum tipo de som nos atabaques. Eles são considerados instrumentos religiosos e sagrados dentro dos terreiros.

Quando um Orixá visita a casa, vai até os atabaques para reverenciá-los, demonstrando respeito e apreço aos instrumentos e aos músicos que os tocam.

Quando fora de uso, os atabaques, devem ser cobertos com pano próprio.

É importante observar que o toque (volume) dos atabaques nunca deve exceder as vozes da corrente. Quando o atabaque excede a corrente se desorganiza e o médium perde a concentração, atrapalhando e muito o desenvolvimento dos médiuns e o bom andamento do trabalho.

O toque do atabaque deve manter suas raízes no samba, donde nasceram a maior parte dos pontos cantados da Umbanda. O toque do atabaque é normalmente o "toque sambado" do instrumento. É absolutamente desnecessário "surrar" o couro, uma vez que este elemento é usado somente para induzir o ritmo dos pontos cantados. Com a junção do atabaque e a corrente cantando vibrante os pontos cantados faz-se a festa de Umbanda. Esta é que mantém a vibração do terreiro.

Os sons são projetados para os ouvidos dos médiuns (regido por Xangô que também rege o som). As vibrações sonoras (moléculas de ar vibrando para frente e para trás) são recolhidas pelo ouvido externo que as conduz até os tímpanos que as faz vibrar, então são levadas ao ouvido interno e através do nervo auditivo chegam até o cérebro onde se dá a percepção do som.

Obs.: O atabaqueiro pode projetar a energia sonora até 40 metros de distância.

Xangô também rege os atabaques através de seus Caboclos. Alguns Caboclos que recebem energização de Xangô são: Pena Verde, Giramundo, 7 Flechas, Cobra Coral.

Lembrando: somente os Caboclos de Xangô regem os atabaques.

Quando os atabaqueiros não estão preparados, a energia de Xangô isola os atabaques, assim as vibrações partem direto do Zelador para o campo do atabaqueiro. O Caboclo atrás do atabaqueiro projeta a energia modulada para o chakra espiritual dos médiuns.

Os sons emitidos pelos atabaques na devida intensidade determina que tipo de entidade será "chamada"ou "atraída".

As energias intensas correspondem às entidades classificadas como "guerreiras", que recebemos em nosso corpo de forma direta: Orixás, Guias Guerreiros e Protetores de Demanda e sua chegada na Terra é regida pelo Caboclo Tabajara. Os toques para estas entidades são sempre altos e com ritmos acelerados.

Já as energias centrípetas correspondem às entidades "harmoniosas" que recebemos em nosso corpo sendo envolvidos por uma espiral: Orixás, Guias Harmoniosos, Protetores de Cura e sua chegada na Terra é regida pela Mãe Jurema que tem sua Lei responsável pelo equilíbrio dos corpos celestes em relação ao espaço infinito. Os toques dos atabaques nestas giras devem ser mais baixos e com ritmos lentos e cadenciados.

Apesar do que foi exposto, é correto lembrar que mesmo sem os atabaques, as entidades e energias podem ser atingidas e atraídas para o mundo material, apenas a gira em si, será completamente diferente. A incorporação dependerá única e exclusivamente de cada médium, exigindo deles toda a sua capacidade de concentração. Além disso o equilíbrio do ambiente será outro pois não será utilizada a ciclagem de energias promovida pelos fundamentos do atabaque como explicarei a seguir.

Importância dos atabaques

Para produzirmos energia provocamos o atrito no couro dos atabaques e com isso atingimos níveis de calor e vibrações sonoras que vão diretas para os campos celulares dos médiuns. Os médiuns se eletrizam ao som dos atabaques. Sem atabaques, sem eletrização.

Pelo campo magnético do atabaqueiro que absorveu as energias que vieram do Zelador, são projetadas as vibrações dos nossos assentamentos para os demais médiuns assim a corrente magnética se espalha pelo recinto de trabalho.

O atabaqueiro, ao tocar, aguça sua captação de energias, recebe de um Guia uma certa carga de vibrações que se infiltra nos seus planos material e espiritual iniciando, depois, um ciclo que terá término em suas mãos. Com a produção de energia calorífica, através do toque no couro, o atabaqueiro fará a mistura com as vibrações das entidades e as vibrações naturais dos médiuns, a sua energia e a do Guia irão circular na corrente mediúnica começando dos médiuns mais preparados e passando para os iniciantes. Essa energia, quando enfraquecida, volta para as mãos do atabaqueiro onde será fortificada e voltará a fazer o ciclo na corrente.

Percebe-se que tanto a presença física dos atabaques quanto a dos atabaqueiros é de suma importância para a atração e distribuição das energias dentro da gira. Assim, concluímos que através dos discos ou aparelhos eletrônicos jamais teremos os resultados esperados. É melhor que se trabalhe somente com preces e concentração para obter-se maior eficiência caso não haja possibilidade de haver uma pessoa preparada comandando os cânticos e toques.

Regência dos Atabaques

- O couro pertence ao Caboclo que dá força ao atabaqueiro para tocá-lo.

- A madeira a Pai Xangô que dá ao atabaque a condição de justiça para não ser utilizado para o mal.

- A ferragem aos Exús que não permitem que eles sofram demandas.

Com essas energias combinadas ao toque e ao canto temos um instrumento de contato com qualquer entidade, seja ela de ação, reação, sublimação, positiva, negativa ou neutra. Com os atabaques devidamente preparados podemos então trabalhar com os Orixás, Guias e Protetores. 

É ele o mensageiro entre nós e o mundo espiritual. As mensagens vão para outras dimensões por códigos, feito um telégrafo, através dos "toques".

Existem vários tipos de toques, Angola que se toca com mão e Ketu que se toca com a varinha. Na Angola existem vários tipos de toques, onde cada toque é destinado a um Orixá, por exemplo, Congo de Ouro, Angolão que seria destinado a Oxóssi, Ygexá que seria destinado a Oxum, etc. O mesmo acontece com Ketu, que se toca com varinha de goiabeira ou bambu, chamada aguidavi.

O couro também merece cuidados, como passar dendê e deixar no sol para que ele, o couro, fique mais esticado e possa produzir um som melhor.

No atabaque só quem pode tocar são os Zeladores, os atabaqueiros previamente autorizados para isso, nenhuma outra vibração deve ser colocada sobre os mesmos. As pessoas devem ser preparadas para tocá-lo e só devem ser utilizados para trabalhos espirituais, nunca para diversão.

Se acontecer perderá toda imantação e deverá ser "cruzado" novamente.

Caso alguém resolva usá-lo sem autorização estará consumindo uma energia que para ele se tornará negativa. Assim como uma lâmpada estoura se ligada em fase superior a sua capacidade, também a pessoa irá sofrer as conseqüências desse contato. Poderá sentir dores de cabeça, ou pior, poderá estar evocando algum espírito trevoso pela correspondência do toque usado, então o atabaque acaba se tornando uma arma contra aquele que o está usando indevidamente.

Nos terreiros em que qualquer um toca no atabaque, das duas uma: ou são todos desconhecedores de sua energia ou o atabaque não é cruzado. Quando uma entidade pedir o atabaque devemos entregá-lo pois ele nunca irá bater, mas sim tirar alguma demanda ou imantá-lo para alguma gira específica. As outras entidades cruzam o atabaque sem tocar nele.

Quando for necessário trocar um atabaque uma entidade irá avisar. Quando fora de uso, os atabaques devem estar sempre cobertos com um pano contendo a firmeza do terreiro.

Antes de usar o atabaque deve-se pedir permissão, tocando o couro e dizendo:

Dai-me licença Pai Oxalá. Dai-me licença ...(entidade dona do atabaque). Dai-me força e dignidade para esse instrumento eu tocar.

Quando o atabaque for guardado, deve-se agradecer:

Obrigado meu Pai Oxalá. Obrigado .....(entidade dona do atabaque). Obrigado por ter-me permitido cumprir a minha missão.

Axé


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