BEBIDA NA UMBANDA

Mistérios desse Fundamento



O álcool tem emprego sério na Umbanda. Quando tomado aos goles, em pequenas quantidades, proporciona uma excitação cerebral ao médium, liberando-lhe grande quantidade de substâncias ativadoras cerebrais, acumulada como reserva nos plexos nervosos (entrelaçamento de muitas ramificações de nervos), a qual é aproveitada pelos guias, para poderem trabalhar no plano material.

Deste modo, quando o médium ingere pequena quantidade da bebida, suas idéias e pensamentos, brotam com mais e maior intensidade. É também uma forma em que a entidade se aproveita deste momento para ter maior "liberdade de ação". 

Os exus são os que mais fazem uso da bebida. Isto se da pelo fato de que estas linhas utilizam muito dessas energias etéricas, extraídas de matéria (alimentos, álcool, etc.), para manipulação de suas magias, para servirem como "combustíveis" ou "alimento", encontrando então, uma grande fonte desta energia na bebida. Estas linhas estão mais próximas às vibrações da Terra (faixas vibratórias), onde ainda necessitam destas energias, retiradas da matéria, para poderem realizar seus trabalhos e magias!  

O marafo também é usado para limpar/descarregar, assim como pontos de pemba ou pólvora usados em descarregos. O álcool por sua volatibilidade tem ligação com o ar e pode ser usado para retirar energias negativas do médium. Já o álcool consumido pelo médium também é dissipado no trabalho, ficando em quantidade reduzida no organismo.  

Uma das coisas que faz com que muitos tenham preconceito e até aversão a Umbanda é a utilização dessas bebidas pelas entidades. 

Antes de explicar a razão e os mistérios desse fundamento, vou fazer um paralelo com outras religiões.

Qual foi um dos milagres de Jesus Cristo, a água transformada em vinho. Na Igreja Católica Apostólica Romana e nas Católicas Ortodoxas no sacramento da eucaristia o pão representa a carne de Cristo e o Vinho representa o sangue de Cristo, em uma ação que remete à última ceia, demonstrando a união de todos, a comunhão dos fiéis com o filho de Deus.

Em muitas religiões da África o vinho de palma, entre outras bebidas com teor alcoólico, são néctares das divindades. 

Os Gregos possuíam uma divindade para o Vinho, Baco. Em religiões e cultos xamânicos e ameríndios, em situações determinadas muitos pajés, fazem uso de bebidas com características semelhantes às alcoolizadas.

Enfim, diversas são as religiões que se utilizam da bebida alcoólica como um de seus fundamentos.

Na Umbanda não é diferente, o álcool tem um significado e uma utilização clara e com muito fundamento.

O álcool representa em si mesmo a essência dos elementos: é líquido, veio da terra (cana), pega fogo e é extremamente volátil. É da própria constituição que se assemelha ao éter, e assim à passagem do plano material para o etéreo.

Não só do ponto de vista magístico, mas de outros pontos de vista existe a razão da utilização desse elemento. 

Comprovadamente é um anti-séptico, ou seja, limpa e desinfeta regiões.

É utilizado como desinfetante. 

Junto com a água serve como excelente diluidor. O álcool 70 (álcool a 70%) é muito utilizado em hospitais e clínicas para a limpeza (assepsia) das mãos e de balcões e utensílios. 

O álcool de cereais é utilizado em muitos medicamentos para a sua conservação e diluição. 

O álcool em forma de brandy é utilizado na homeopatia e na medicina floral para a conservação dos medicamentos. Isto para citar alguns exemplos do uso desta substância.

Sua geometria química também auxilia na modelação e materialização (desmaterialização) no plano astral, permitindo que as entidades se utilizem da matéria etérica do álcool para as curas e desinfecções, além de seus efeitos no campo astral na limpeza de miasmas, larvas astrais e outros tipos de concentrações de energias deletérias.

Junto com o fogo e com a fumaça (defumação e tabaco) são essenciais na destruição de campos deletérios e de vínculos realizados por feitiçaria. Ou seja, há uma razão para a utilização do álcool, sob diversos pontos de vista.

A pergunta que permanece e gera controvérsia é a ingestão das bebidas alcoólicas pelos médiuns incorporados. 

Para começar a responder esta pergunta, primeiro tenho que observar que nenhum médium ingere bebidas alcoólicas antes de suas incorporações, aliás, devemos nos abster, pelo menos, 24 horas antes do início das giras de qualquer bebida alcoólica. 

Nenhum médium se embriaga, não há a ingestão de bebidas em quantidades exorbitante.

Ou seja, o álcool ingerido serve a outros propósitos que não o da embriaguez, ou para a alteração dos estados de consciência. 

"Mas se não tem esta razão por que se deve bebê-lo, e não apenas ter este elemento no ponto, ou no chão?" 

Alguns podem ainda questionar. 

Primeiramente deve-se recordar que o álcool ingerido tem sua eliminação prioritariamente pelo sistema respiratório, ou seja, pelo pulmão.

Quando o álcool é absorvido pelo organismo, a primeira e maior parte do álcool é expelido na nossa respiração, é por isto que o bafômetro pode detectar quem ingeriu e quem não ingeriu álcool e qual a sua quantidade. Assim quando um médium incorporado toma a bebida alcoólica imediatamente ele começará a ser eliminado pelos pulmões. 

É neste momento que o astral irá manipular o álcool para criar as condições necessárias para a limpeza, a materialização ou desmaterialização.

Então a entidade incorporada começa a soprar, dar suas baforadas nos consulentes criando as condições materiais e astrais para a realização da magia da Umbanda, sob o axé e a graça dos Orixás.

Cabe ainda ressaltar a importância do sopro. 

Em um mito temos que Nanã deu o barro para Obatalá moldar os humanos, este protegido e assistido por Exu moldou e deu forma ao homem e a mulher, mas quem deu a vida, o espírito foi Olorum com o seu sopro. 

História muito semelhante encontraremos na Bíblia, no livro do Gênesis, em que do barro Deus fez o homem e com o sopro lhe deu a vida. 

Os alquimistas e muitos cientistas dos séculos passados acreditavam que o sopro era a fonte de vida. Chamava o sopro a essência vital, sem ele não haveria vida. 

Os pajés em suas curas sempre fazem uso do sopro. As mães e pais quando um filho se afoga, se machuca logo vão assoprar suas crianças para lhe ajudarem. 

O que quero dizer-lhes é que é pelo sopro que passamos nossa energia vital, nossa vontade, nossas energias curadoras.

Com este ato, aliado ao álcool que criará as condições materiais e etéricas para a cura, aliado aos elementais, as energias da natureza, ao ectoplasma dos médiuns e a energia astral dos Guias e dos Orixás é que a Umbanda faz seu trabalho.

Enfim, o álcool é um dos fundamentos da Umbanda e é muito utilizado na magia e nas mirongas, saber o porquê de seu uso, e combater o preconceito quanto a ele, somente engrandece nossa força, e traz respeito aos fundamentos e a maneira de fazer caridade da Umbanda.

As bebidas tem emprego sério nos rituais de Umbanda, ora para deixar o ambiente familiar ao consulente ora também serve para consagração, é o fogo líquido o álcool, quando o médium ingere pequena quantidade da bebida, suas ideias e pensamentos tem maior intensidade, é desta forma que a entidade aproveita o momento para ter maior "liberdade de ação". É imprescindível o uso da bebida, mas não para beber em demasia. A bebida é usada para manipulação magística, é colocada no ponto, na tronqueira, lavam os instrumentos, cruzam as guias e imagens, etc... 

Se em uma determinada situação é preciso derrubar mais a vibração orgânica é onde possivelmente a entidade toma um golinho, dependendo do trabalho, pode ser preciso ingerir mais, com a intenção de manipular e canalizar esta energia, nada além disso. 

Uma outra função da bebida, muito usada pelas linhas da direita é utiliza-la como "Contraste", comparado com o usado pela medicina tradicional. Quando algum problema de ordem física está ocorrendo, eles magnetizam a bebida, tal como, vinho, água de côco, água pura, batida, etc., e pedem para o consulente ingerir uma pequena quantidade, aí eles conseguem visualizar outras coisas no organismo, é como um check-up mais apurado.

Não é a quantidade que fará o trabalho ser mais eficiente: é a habilidade do manipulador (Guia x médium) em ativar o recurso bebida que trará resultados! Os Guias manipulam estas bebidas onde tenho para elas o nome de "curiador" (a bebida correta para cada linha de trabalhos), sendo assim:

• Caboclos bebem cerveja, água de côco ou suco de fruta;

• Preto-velho bebe café, chá e em alguns casos já presenciei utilizarem vinho ou cerveja preta;

• Crianças bebem guaraná e suco de frutas, mas também presenciei algumas que tomam outros tipos de refrigerante;

• Ciganos bebem vinhos, ponches, sangria e champagne; 

• Baianos bebem água de côco ou batida de coco;

• Boiadeiros bebem cerveja escura ou cajuina;

• Marinheiros bebem rum, e alguns bebem cerveja clara;

Malandros bebem cachaça, caipirinha e cerveja;

• Exu bebe a "marafo" (pinga). Alguns bebem whisky ou vinho, alguns que bebem cerveja;

• Pomba-Gira bebe champagne, sidra, licor ou vinho. 

As bebidas também são utilizadas como oferendas para entidades ou "Amalás" para Orixás, mas fica só para registro, pois abordarei estes temas em outras matérias.

Como em toda ritualística de umbanda, prevalece o bom senso, todos os excessos devem ser corrigidos de imediato pelo Sacerdote ou pelo Dirigente Espiritual da Casa "Pai Antero". 

Nenhuma entidade de direita ou esquerda deve ou pode cometer exageros que coloquem em risco a integridade física do médium, seja este consciente, semi ou inconsciente. 

P.S. O uso do álcool é feito de forma ponderada, equilibrada e dentro de inúmeros sistemas de controle em uma religião, o seu uso fora deste sistema, não é recomendado, e deve ser evitado. 

Saravá a todos!


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