CONEXÃO DO PRETO VELHO E OSSAIM
Mandingueiro X Feiticeiro
Na tradição rica da Umbanda, Ossaim emerge como um Orixá venerado, representando a verde sabedoria e a ligação profunda com as forças da natureza.
Apesar de atuarem em esferas espirituais diferentes, pois um é Orixá e o outro um ancestral, Ossaim e o Preto Velho compartilham uma poderosa afinidade energética que se manifesta através da magia, da cura e do conhecimento profundo dos mistérios da natureza.
Ossaim é o guardião dos segredos das folhas, detentor do poder das ervas medicinais e encantadas, que oferecem cura e proteção. Ele representa o equilíbrio entre a vida e a saúde, utilizando o poder das plantas para restaurar o bem-estar físico e espiritual. Sua ligação com a natureza e o domínio sobre o axé contido nas folhas fazem dele uma figura central no culto aos Orixás, especialmente no que diz respeito à manipulação dos elementos naturais para fins terapêuticos e espirituais.
Os mitos que envolvem Ossaim desvelam a narrativa de sua jornada transformadora pela floresta, onde a sabedoria das plantas foi derramada sobre ele como uma bênção divina. Nesse ambiente exuberante, Ossaim construiu uma conexão profunda com a natureza, consolidando-se como um guardião respeitado do equilíbrio entre o reino vegetal e espiritual. A habilidade única de Ossaim em utilizar as ervas para cura e proteção o consagrou como figura indispensável na prática espiritual da Umbanda.
A "Oração a Ossaim" se insere de maneira significativa ao explorarmos a íntima relação entre Ossaim, as plantas e a sabedoria que permeia suas ações mitológicas. Essa relação simboliza não apenas a maestria de Ossaim no uso das folhas, mas também sublinha a importância da oração como uma ferramenta para acessar essa sabedoria verde em nossas vidas cotidianas. A prece, assim como as folhas nas mãos de Ossaim, torna-se um veículo sutil, mas poderoso, para conectar-se à essência da sabedoria espiritual que ele oferece.
Na tradição umbandista, o dia 5 de outubro se revela como um momento sagrado para os devotos de Ossaim, uma ocasião especial de encontro para honrar e expressar gratidão pelas bênçãos do Orixá. Essa data não apenas assinala uma celebração anual, mas também se transforma em um lembrete constante da estreita ligação entre a espiritualidade e a natureza personificada por Ossaim.
O sincretismo católico, ao entrelaçar a figura de Ossaim com São Benedito, o Santo Preto, conferiu uma dimensão única à devoção a este Orixá. Essa fusão de tradições religiosas não apenas enriqueceu a vivência umbandista, mas também destaca a notável capacidade de diferentes culturas coexistirem e se influenciarem harmoniosamente no cenário religioso brasileiro.
Sem chamar atenção para a sutileza da expressão, a "Oração a Ossaim" emerge de forma natural nesse contexto. A celebração do dia consagrado a Ossaim não se resume a uma formalidade; é uma oportunidade para os devotos se conectarem mais profundamente com a essência espiritual do Orixá. As preces entoadas nesse dia especial tornam-se um canal de expressão para a devoção, reconhecimento e busca por uma compreensão mais profunda da espiritualidade que permeia a tradição umbandista. A convergência dessas práticas ritualísticas destaca de maneira orgânica como diferentes esferas religiosas se mesclam, dando origem a uma espiritualidade única e diversificada.
Expressar devoção a Ossaim na Umbanda é mais do que uma prática simbólica; é uma demonstração tangível de reconhecimento pelas bênçãos e sabedoria que emanam do Orixá. As oferendas desempenham um papel crucial nessa expressão de fé, conectando os devotos diretamente às energias verdejantes da natureza.
Ao falar de oferendas, a "Oração a Ossaim," ganha destaque, pois é por meio desses gestos físicos que os praticantes reforçam sua conexão espiritual. Ervas, frutas e elementos naturais tornam-se veículos para transmitir intenções, agradecimentos e pedidos a Ossaim. É comum ver arranjos de folhas frescas, representando a vitalidade e a cura que Ossaim oferece.
Os frutos da terra, cuidadosamente dispostos nas oferendas, simbolizam a fertilidade, a abundância e a conexão com o solo sagrado que Ossaim governa. Velas verdes, por sua vez, iluminam o caminho da devoção, agindo como faróis espirituais que guiam os pedidos e preces até o Orixá.
A palavra chave se integra organicamente aqui, pois as oferendas não são apenas uma expressão de respeito a Ossaim, mas também uma forma de iniciar a comunicação espiritual. A "Oração a Ossaim" é entrelaçada nesses gestos, dando às oferendas um significado mais profundo e reforçando a conexão entre os devotos e o senhor das folhas. Essa prática ritualística não apenas enriquece a experiência espiritual, mas também destaca como a devoção se manifesta em ações tangíveis, criando uma ponte entre o material e o espiritual.
Ao buscar a benevolência de Ossaim, os devotos imergem em um diálogo espiritual, expressando seus anseios mais profundos por meio da conexão com o Orixá. Este momento transcende o simples ato de pedir; é uma troca íntima entre o indivíduo e o senhor das folhas, onde as palavras se tornam sementes plantadas na fértil terra da espiritualidade.
No cerne dessas preces está a busca pela cura. Com sinceridade, os devotos buscam alívio para aflições físicas e emocionais, confiando nas propriedades curativas que Ossaim detém. A "Oração a Ossaim" é entoada com fervor, carregando a esperança de uma restauração plena e agradecendo antecipadamente pelo toque revitalizante do guardião das ervas.
A proteção é outra súplica comum, onde os devotos buscam o amparo espiritual de Ossaim para resguardar suas jornadas diárias. Por meio da "Oração a Ossaim", eles anseiam por um escudo verde de defesa, confiando na sabedoria do Orixá para afastar influências negativas e preservar a harmonia espiritual.
O conhecimento, especialmente aquele oculto nas folhas e plantas, representa uma busca incessante. Ao dirigir suas preces a Ossaim, os devotos desejam desvendar os segredos da natureza e aprofundar sua compreensão do mundo espiritual. A palavra chave, de maneira sutil, torna-se um elo que desbloqueia a porta para a sabedoria oculta, permitindo que a mente seja guiada pela verde inteligência de Ossaim.
Em cada pedido, a "Oração a Ossaim" transcende o simples ato de solicitação; é uma expressão de confiança e gratidão antecipada pela intercessão do Orixá. Essa palavra, de forma orgânica, permeia esses momentos, agindo como um canal que conecta os desejos do coração aos ouvidos atentos de Ossaim.
"OSSAIM, SENHOR DAS FOLHAS SAGRADAS, GUARDIÃO DO SABER OCULTO NA FLORESTA. COM TUAS ERVAS, CURA NOSSAS DORES, PROTEGE-NOS COM A FORÇA DA NATUREZA.
EM TEU NOME, BUSCAMOS SABEDORIA, A BENÇÃO DAS PLANTAS, A CURA QUE EMANA. QUE TUA ENERGIA NOS ENVOLVA, E QUE A HARMONIA DA FLORESTA NOS GUIE.
OSSAIM, MESTRE DAS FOLHAS DIVINAS, ACEITA NOSSAS OFERENDAS COM GRATIDÃO. QUE EM TEU REINO VERDE, ENCONTREMOS PAZ, E EM TUA SABEDORIA, ENCONTREMOS LUZ.
AXÉ!"
Ossaim, na Umbanda, é mais do que um Orixá ligado à natureza; é um guia espiritual que oferece cura e sabedoria aos seus devotos. Através da compreensão de sua história, mitos, práticas devocionais e da realização de oferendas sinceras, os praticantes da Umbanda encontram uma conexão significativa com a natureza e a espiritualidade, enriquecendo assim a jornada espiritual de cada um.
Já o Preto Velho é o mandingueiro, conhecido pela sua vasta sabedoria e por ser um mestre das rezas e das magias (mandingas), também utilizando plantas e elementos da natureza em suas práticas de cura e proteção. Ele é um símbolo da ancestralidade, da resistência e da ligação com a terra, carregando consigo os conhecimentos herdados de gerações passadas, muitas vezes associados aos antigos curandeiros africanos. Assim como Ossaim, o Preto Velho compreende o poder das folhas e a importância do respeito aos elementos naturais na preservação da saúde e no fortalecimento espiritual.
O ponto de convergência entre esses dois seres de grande poder está, sobretudo, na relação que ambos mantêm com o saber oculto e a cura. O Preto Velho e Ossaim são mestres em decifrar os mistérios da natureza e usá-los de forma consciente, respeitando o equilíbrio das forças invisíveis que regem a existência. O mandingueiro, como o feiticeiro Ossaim, não apenas cura, mas também protege e transforma, utilizando o axé das folhas e das ervas como instrumento de transmutação e proteção espiritual.
Além disso, ambos trabalham de forma silenciosa, cuidadosa e respeitosa com a natureza. Ossaim guarda seus segredos com rigor, e o Preto Velho, com sua humildade e paciência, é igualmente reservado em suas práticas, compartilhando sua sabedoria apenas com aqueles que estão prontos para recebê-la. A conexão que une esses dois seres espirituais está na reverência pelo poder da terra, pela sabedoria dos ancestrais e pela compreensão profunda dos ciclos naturais, que ambos utilizam para promover o equilíbrio e o bem-estar.
Dessa forma, Preto Velho e Ossaim, mesmo pertencendo a esferas espirituais diferentes, se entrelaçam nos elementos que utilizam e nos propósitos que perseguem: a cura, a proteção e o respeito à natureza e ao mistério divino. Juntos, representam uma ponte entre o mundo dos ancestrais e o poder dos Orixás, conectando passado, presente e futuro através do conhecimento mágico das folhas e da cura espiritual.
Òtítọ́ àti àìtẹ̀tẹ̀ le fara mọ́ra! (Os opostos podem conviver em harmonia!)
Axé para todos!