FILOSOFIA DOUTRINÁRIA

Nosso Segmento



*Filosofia. É uma palavra grega que significa "amor à sabedoria" e consiste no estudo de problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem.  

*Doutrina. O sentido mais antigo é o que deriva da sua etimologia latina doctrina que, por sua vez, vem de doceo, "ensino". O sentido mais antigo, portanto, é de ensino ou aprendizado do saber em geral, ou do ensino de uma disciplina particular. Ao longo do tempo perdeu-se o sentido original e o termo firmou-se como o indicador de um conjunto de teorias, noções e princípios coordenados entre eles organicamente que constituem o fundamento de uma ciência, de uma filosofia, de uma religião etc.

A filosofia atua como uma disciplina, a filosofia é intrínseca à condição humana, não é um conhecimento, mas uma atitude natural do homem em relação ao universo e seu próprio ser. 

Quando a filosofia é integrada a doutrina, ela passa a ter um contexto mais amplo, passa a chamar-se, Filosofia Doutrinária, que significa escolas que refletem os ensinamentos fundamentais e os princípios das doutrinas com pensamentos concretos. Cada filosofia doutrinária  tem seus propósitos filosóficos específicos.

Nos dias de hoje a palavra "filosofia" é muitas vezes usada para descrever um conjunto de ideias ou atitudes, o que podemos chamar de "filosofia de vida". E foi partindo desse ponto, que o nosso Chão, adotou esse caminho mais naturalista e organico, chamado por  Pai Antero de "Filosofia Doutrinária".  

- Fundamentos básicos da Filosofia Doutrinária:

Conhecimento teórico e filosófico (metafísica e psicologia), conhecimento mediunico e prático (regras e ética) e conhecimento religioso e ritualistico (origem e ancestralidade). 

Juntas, irão facilitar o desenvolvimento da percepção e, conseqüentemente, a expansão da Consciência Espiritual principalmente dos iniciados.  

* Sinônimos de Iniciados. Que está a receber ensinamentos iniciais: principiantes, iniciantes, novatos, praticantes, aprendizes.  

- Breve esclarecimento:

Nossa Casa, preserva os princípios filosóficos da Umbanda, de forma simples e clara, já que são, por natureza, universais, e independem de qualquer cultura ou tradição. 

Entretanto, cada ser ou lugar tem o direito de interpretá-los e praticá-los conforme os seus fundamentos. 

Graças que é assim, pois do contrário, teríamos mais uma religião estagnada em codificações dogmáticas e não dinâmica como é a Vida. Enganam-se aqueles que pretendem fazer da sua verdade a verdade do outro. As iniciações devem visar a busca da Luz espiritual do médium, e não a Verdade. Como já disse, no mundo relativo a Verdade absoluta é uma utopia. Muitos são os segmentos religiosos que pregam a Verdade Absoluta. Não obstante, os resultados são duvidosos e até conflitantes. É comum a Umbanda sofrer toda sorte de críticas por não possuir uma codificação. Mas quem se atreveria a codificar o Amor, a Esperança, os Rios, as Cachoeiras, os Prazeres e as Dores? Quem, em sã consciência, ousaria classificar os sonhos daqueles que crêem em Buda, Jesus, Krishna, Jeová, Alá ou no Preto Velho? As iniciações, como a própria Vida, devem seguir seu curso natural e, acima de tudo, respeitar os valores sagrados já existentes no iniciado. Sua tradição religiosa, seus costumes culturais, são peças fundamentais que determinam a sua forma de ver e perceber o mundo. Sem elas, tornam-se frágeis e vulneráveis a todo tipo de influências, inclusive as negativas.  

Por essas e outras razões, que buscamos despertar, reforçar e aplicar, através da Filosófia Doutrinária, métodos iniciáticos adequados, resaltando sempre a importância da educação mediunica na vida, pois sabe-se que esse é um trabalho que começa antes da reencarnação, continua na encarnação e prossegue na vida após o desencarne. Mas enquanto está nesta dimensão, o médium tem como necessidade primeira doutrinar a si mesmo. 

Haverá um tempo previsto para a educação do médium? Tempo não há, pois a mediunidade é trabalho para muitas reencarnações na existência do espírito. Na verdade, esta faculdade, em suas mais variadas ramificações, está presente em todos os homens. 

Todavia, é após o desabrochar na existência atual que o trabalho se efetiva com mais intensidade e, a partir daí, não deve mais parar ou estacionar, sob a possibilidade de um recomeço muito mais árduo e penoso. 

Sabemos que a faculdade, estando presente em nós, deve eclodir sozinha, mas isso não quer dizer que não possamos trabalhar na modelação de nosso espírito por meio das atividades e estudos mediunicos. Assim, quando preparados prestar a doação fraternal de atendimento aos irmãos necessitados.

Quando identificados os sintomas que caracterizam a faculdade mediúnica, cabe ao iniciado o dever de educá-la. Somente ele é capaz de se qualificar nessa condição; nenhum sinal externo pode chamar a atenção do observador, a fim de apontar as pessoas que sejam possuidoras de mediunidade.

Mesmo sabendo que a mediunidade é uma faculdade originária no espírito e que se exterioriza através do organismo físico - não apresenta síndromes externas - e mesmo quando algumas destas possam tipificar sua presença, tal conclusão jamais poderá ser infalível.

Propiciando a interferência dos desencarnados na vida humana, a princípio, a mediunidade gera estados particulares na emotividade, porque mais facilmente se registram a presença e o envolvimento de seres negativos ou perniciosos; a irradiação das suas energias produz esses estados anômalos, desagradáveis, que podem ser confundidos com problemas patológicos.  

Porém, o médium é constantemente chamado para a observação dessas manifestações consigo mesmo, por surgirem em momentos menos próprios ou aparentemente sem causas desencadeadoras. Pai Antero diz: "O Sacerdote e o Dirigente espiritual deve ser capaz de orientar o iniciado de que o exercício correto da mediunidade não oferece perigo algum a quem quer que seja".

A exemplo de outros processos, os estágios iniciáticos são gradativos e reconhecidos à medida que as etapas anteriores são plenamente cumpridas. Porém, quando mal interpretadas, as graduações podem estimular equivocadas relações de poder hierárquico entre os médiuns. 

Equívocos dessa natureza comprometem as oportunidades coletivas e limitam excessivamente as atuações dos iniciantes. São nocivas lacunas geralmente associadas a métodos iniciáticos inadequados.

Por não existir um método iniciático totalmente infalível, é preciso estabelecer critérios. 

Não devemos confundir critério com discriminação. Em nosso Chão, os critérios pré-estabelecidos como normas reguladoras das iniciações fundamentam-se na compatibilidade entre os princípios do iniciante e os da Casa. Isto exige um período de estudos e educação espiritual que corresponde a sua preparação filosófica antes da iniciação mediúnica propriamente dita. 

Neste período, tanto a Casa como o iniciando reconhecem entre si as reais possibilidades de harmonização.

- Do ato mediúnico:

Esse é o momento em que o espírito comunicante e o médium se fundem na unidade psico-afetiva da comunicação, e enteder como isso se processa é muito importante e necessário. 

Tudo deverá fluir de maneira natural e organica, sem pressa ou anciedade, até chegar o momento de sentir e perceber as energias mais sutis das entidades aproximando-se e envolvendo-o nas suas vibrações espirituais. Essas vibrações irradiam-se do seu corpo espiritual atingindo o corpo espiritual do médium. A esse toque vibratório semelhante ao de um brando choque elétrico, reage ao perispírito do médium. 

Realiza-se a fusão fluídica. Há uma simultânea alteração no psiquismo de ambos. Cada um assimila um pouco do outro. Uma percepção visual desse momento comove o vidente que tem a ventura de captá-la. As irradiações perispirituais projetam sobre o rosto do médium a máscara transparente do espírito. Compreende-se então o sentido profundo da palavra intermúndio. Ali estão, fundidos e ao mesmo tempo distintos, o semblante radioso do espírito e o semblante humano do médium, iluminado pelo suave clarão da realidade espiritual. Essa superposição de planos dá aos médiuns a impressão de que o espírito comunicante se incorpora. Daí a errônea denominação de incorporação para as manifestações orais. O que se dá não é uma incorporação, mas uma interpenetração psíquica, como a luz atravessando uma vidraça. Ligados os centros vitais de ambos, o espírito se manifesta emocionado, reintegrando-se nas sensações da vida terrena, sem sentir o peso da carne.

Há casos de médiuns que já têm a sua sensibilidade bastante aflorada, o que lhes permitem entrar em contato com planos e seres divinos de forma mais rápida, simples, espontânea e natural, e portanto não necessitam de puxadas, e sim somente de vibrações e orientações. 

Esse fenômeno chama-se mediunidade natural, e costuma se manifestar em algumas pessoas já evoluidas espiritualmente. Por isso, a importância de se estudar e se educar mediunicamente!

- Breve explanação:

Manifestação Mediúnica - As várias fases do Fenômeno

Em todo tipo de fenômeno mediúnico ocorrem certas fases que podemos considerar como fundamentais e, dependendo da categoria do fenômeno, acontecem particularidades que lhe são próprias. Seja o fenômeno mediúnico de efeitos inteligentes, psicografia ou psicofonia, seja consciente ou inconsciente, mecânico ou intuitivo, sempre ocorrem fases que podem ser esquematicamente assim estudadas:

Fase de Afinidade Fluídica e Espiritual

Antes de ocorrer um fenômeno, é o médium sondado psiquicamente para avaliar a sua capacidade vibratória, em obediência a lei da combinação fluídica. No caso em que a entidade passe a se comunicar com freqüência, surge a afinidade espiritual, que depende da posição evolutiva do espírito comunicante, e a do médium. Às vezes, dependendo do tipo de atividade mediúnica, o espírito do médium, em desdobramento natural durante o sono, dias antes do trabalho mediúnico, é levado pelos mentores espirituais a tomar contato com a entidade que deverá receber mediunicamente, para evitar choques inesperados durante a reunião, o que poderia ocasionar desequilíbrio vibratório momentâneo ou demorado, impedindo-o de alcançar os objetivos desejados. Isso ocorre com freqüência com médiuns que colaboram nos trabalhos de desobsessão.

Fase de aproximação da Entidade

É a seqüência natural da fase anterior, só que ocorre no recinto do trabalho mediúnico como preparação do médium para a tarefa. Pode ocorrer que antes da sessão o médium sinta a influencia espiritual, mas deverá controlar-se para evitar o transe fora de ocasião oportuna, que é a do trabalho propriamente dito. Geralmente sentirá os fluidos próprios da entidade, cabendo-lhe o trabalho de analisá-los e, conforme conhecimento anterior absorve-lo ou rechaça-los.

Fase da Aceitabilidade do Espírito Comunicante pelo Médium

Ativamente o médium começa a vibrar, procurando se afinizar melhor com a mente do Espírito desencarnado. Manter-se-á calmo, confiante e seguro, certo de que nada de mau lhe acontecerá porque o equilíbrio do grupo é uma segurança. Sentirá os seus pensamentos serem dirigidos por uma força estranha e aos poucos terá vontade de falar ou de escrever, ou apenas ficará na expectativa de novas associações mentais; poderá se sentir diferente, como se fosse outra pessoa, ver mentalmente outros lugares, ter sensações diferentes que viverão com maior ou menor intensidade.

Fase de incorporação Mediúnica

É falsa a idéia de que o desencarnado para se comunicar entra no corpo do médium. O que ocorre são assimilação de correntes fluídicas e mentais numa associação perfeita, denominada de sintonia vibratória. Os centros cerebrais do perispírito e os do corpo do médium são estimulados pelas forças fluídicas e mentais da entidade comunicante e quando há associação, ocorrendo então o fenômeno da "incorporação". O médium incorpora as idéias, vivencias e sentimentos da entidade comunicante e os transmite conforme a faculdade que possui (intuição, psicofonia, etc.). É natural que nessa fase o médium se sinta diferente, com sensações anormais, sudorese, amortecimentos, respiração ofegante, tremores, nervosismo, etc. O controle das reações orgânicas deverá surgir graças a confiança e a serenidade alcançadas com um bom treinamento mediúnico.

Envolvimento Mediúnico

No fenômeno mediúnico da chamada incorporação o que ocorre é um verdadeiro envolvimento mediúnico, que significa um entrosamento das correntes vibratórias próprias do médium, emanadas de suas criações mentais e espirituais com as do Espírito comunicante.

Sabemos que os nossos órgãos dos sentidos como ouvidos, olhos, etc., estão condicionados pela natureza, a fim de perceberem as vibrações dentro de um certo limite. Assim é que o nosso ouvido não percebe as vibrações que estejam abaixo ou acima do seu limite normal, bem como a nossa vista não chega a perceber os raios cujo comprimento de onda está acima ou abaixo da nossa faixa de normalidade.

No caso da mediunidade, o médium se coloca durante o transe em condições favoráveis de percepção mais nítida do mundo espiritual que nos rodeia; por haver uma exteriorização do perispírito, fundamento de todo o fenômeno mediúnico, este passa a vibrar em regime de maior liberdade, deixando-se influenciar pelo campo vibratório de entidades desencarnadas. 

Estas por sua vez, livres do corpo denso de carne se situam em plano vibratório diferente do perceptível normalmente pelos encarnados, somente podendo se fazer sentidas e se comunicarem conosco quando encontram médiuns que vibram dentro da mesma faixa em que se encontram. Havendo uma perfeita correspondência entre o clima vibratório da entidade desencarnada e o do médium, estamos diante de um fenômeno chamado envolvimento mediúnico, em que a pessoa encarnada passa a sentir a presença do Espírito desencarnado, podendo perceber-lhe as sensações, as emoções, as intenções, os pensamentos e transmiti-los de acordo com a sua livre vontade, deixando ou não se envolver por essa nova personalidade. É aqui que reside o ponto nevrálgico da questão: ou de nos deixarmos arrastar pura e simplesmente, ou de reagirmos, tentando impor nossa vontade. Se agirmos como na primeira hipótese, corremos o risco de sermos obsediados facilmente; se agirmos como na segunda, podemos passar uma vida inteira sem desenvolvermos a faculdade, dominados pelo receio de servirmos de instrumentos às entidades desencarnadas. 

Como se vê, a educação mediúnica, através do conhecimento e das praticas ordenadas, exige um comportamento eqüidistante das duas situações, e ensina o médium a se manter em posição de equilíbrio e vigilância sem que esta se transforme em refratariedade. Tendo então condições de controlar o fenômeno, isto é, saber quando e como uma mensagem é conveniente ou causadora de confusão e mal-estar; ter o bom senso de analisar o que vai filtrar ou o que está filtrando.

Os Espíritos superiores baixam o seu teor vibratório, aproximando-o do nosso, envolvendo-se com os fluidos grosseiros de nosso ambiente, tornando-se assim mais acessíveis; o médium em transe, por sua vez, se eleva através do preparo antecipado e da disciplinação dos recursos mediúnicos, podendo, então, dar-se a interação entre os dois psiquismos - o do desencarnado e o do médium, criando-se a condição para a comunicação. Uma baixa e o outro sobe vibratoriamente podendo dar-se a comunicação.

O caso contrário também pode acontecer. Médiuns com boa capacidade vibratória poderão baixar suas vibrações para servirem de instrumentos a entidades inferiores, a fim de que estas sejam esclarecidas e orientadas. Uma vez terminada a tarefa o médium retornará ao seu padrão vibratório normal não lhe ficando sensações desagradáveis próprias do Espírito comunicante, mas sim o bem-estar de ter cumprido o seu dever cristão.

Do Papel dos Médiuns nas Comunicações Espíritas

"Existem dois aspectos que são fundamentais para a compreensão do papel dos médiuns nas comunicações espírituais".

- A faculdade mediúnica é um dom inerente a todos os seres humanos, tanto quanto a faculdade de respirar o é. O espírito encarnado une-se ao corpo molécula a molécula, através do perispírito, que é a forma do organismo, constituindo um todo indivisível. Disto resulta uma interação psico-fisiológica, isto é um conjunto de ações e reações recíprocas entre a alma (ser pensante e encarnado) e o corpo (veículo de manifestação daquela). Assim, se a alma se manifesta através do organismo, age e reage por meio deste, podemos concluir que a faculdade mediúnica tem raízes orgânicas e é acionada pela alma (ser inteligente).

- Um espírito ao comunicar-se com o médium o faz por intermédio da combinação de fluidos perispiríticos dos dois seres (espírito e médium), formando como que uma atmosfera fluídico espiritual comum às duas individualidades, e é justamente essa atmosfera comum que torna possível, ou favorece a transmissão do pensamento, que se faz assim de espírito (ser desencarnado) para a alma (ser encarnado) e, esta, pela ação que exerce sobre o corpo, exterioriza o conteúdo desse pensamento pelos diferentes tipos de faculdades mediúnicas. (psicografia, psicofonia, etc.) A formação dessa atmosfera depende de dois elementos essenciais:

A afinidade fluídica entre o Médium e o Espírito;

A sintonia do pensamento (sintonia vibratória ou assimilação da corrente mental).

Esses aspectos acima colocados, aplicam-se a quase todos os tipos de faculdades mediúnicas e a qualquer grau de passividade do médium (consciente, semiconsciente ou inconsciente). 

Esse nível de consciência do fenômeno é apenas uma questão de aptidão própria de cada médium e da forma de manifestação e não da essência do fenômeno, que se processa sempre obedecendo ao mecanismo acima descrito. Conclui-se, pois, que a alma do médium sempre participa do fenômeno da comunicação, ou seja, o médium é o veículo e o filtro do pensamento do espírito.

"Para que um Espírito possa comunicar-se, preciso é, que haja entre ele e o médium relações fluídicas, que nem sempre se estabelecem instantaneamente. Só a medida que a faculdade se desenvolve, é que o médium adquire pouco a pouco a aptidão necessária para pôr-se em comunicação com o Espírito que se apresente. Pode dar-se, pois, que aquele que o médium deseje comunicar-se, não esteja em condições propícias a fazê-lo, embora se ache presente, como também pode acontecer que não tenha possibilidade, nem permissão para acudir ao chamado que lhe é dirigido. Daí a razão pela qual ninguém deva teimar em chamar determinado Espírito, "pois amiúde sucede não ser com esse que as relações fluídicas se estabelecem mais facilmente, por maior que seja a simpatia que lhe vote o encarnado. Antes, pois, de pensar em obter comunicações de tais ou tal Espírito, importa que o aspirante leve a efeito o desenvolvimento de sua faculdade, para o que deve fazer um apelo geral e dirigir-se principalmente ao seu anjo guardião.

As condições mais importantes que devem ser observadas no desenvolvimento de uma faculdade mediúnica são: "a calma e o recolhimento, juntas ao desejo ardente e a firme vontade de conseguir-se o intuito.

Por vontade, não entendemos aqui uma vontade efêmera, que age com intermitências e que outras preocupações interrompem a cada momento; mas, uma vontade séria, perseverante, contínua, sem impaciência, sem febricitação. A solidão, o silêncio e o afastamento de tudo o que possa ser causa de distração favorecem o recolhimento" (concentração). O exercício com regularidade, assíduo, e sério é fundamental no desenvolvimento mediúnico.

O desenvolvimento mediúnico dentro de um grupo organizado para tal fim, apresenta uma série de condições favoráveis."Os que se reúnem com um intento comum formam um todo coletivo, cuja força e sensibilidade se encontrem acrescidas por uma espécie de influência magnética", que satura o ambiente de fluidos propícios e, "entre os Espíritos, atraídos por esse concurso de vontades, estarão, provavelmente, alguns que descobrirão nos assistentes o instrumento que lhes convenha".

"No médium iniciático e aprendiz, a fé não é a condição rigorosa; sem dúvida lhe secunda os esforços, mas não é indispensável; a pureza de intenção, o desejo e a boa-vontade bastam. 

Têm-se visto pessoas inteiramente incrédulas ficarem espantadas de escrever a seu mau grado, enquanto que crentes sinceros não o conseguem, o que prova que esta faculdade se prende a uma disposição orgânica.

"O escolho com que topo a maioria dos principiantes é o de terem de haver-se com Espíritos inferiores (veja a Escala Espírita em "O livro dos Espíritos") e devem dar-se por felizes quando não são Espíritos levianos. Toda atenção precisam pôr, em que tais Espíritos não assumam predomínio, porquanto, em acontecendo isso, nem sempre lhes será fácil desembaraçar-se deles. É ponto esse de tal modo capital, sobretudo em começo, que, não sendo tomadas às precauções necessárias, podem perder-se os frutos das mais belas faculdades".

"A primeira condição é colocar-se o médium, com fé sincera, sob proteção de Deus e solicitar a assistência de seu anjo de guarda, que é sempre bom... A segunda condição é aplicar-se, com meticuloso cuidado, a reconhecer, por todos os indícios que a experiência faculta, de que natureza são os primeiros Espíritos que se comunicam e dos quais manda a prudência sempre se desconfie. Se forem suspeitos esses indícios, dirigir fervoroso apelo ao seu anjo de guarda e repelir, com todas as forças, o mau Espírito, provando-lhe que não conseguirá enganar... Por isso é que indispensável se faz o estudo prévio de teoria, para todo aquele que queira evitar os inconvenientes peculiares à experiência".

"Se é importante não cair o médium, sem o querer, na dependência dos maus Espíritos, ainda mais importante é que não caia por espontânea vontade. Preciso, pois, se torna que imoderado desejo de ser médium não o leve a considerar indiferente dirigir-se ao primeiro que apareça, salvo para mais tarde se livrar dele, caso não convenha, por isso que ninguém pedirá impunemente, seja para o que for, a assistência de um mau Espírito, o qual pode fazer que o imprudente lhe pague caro os serviços".

O médium, mesmo com a faculdade desenvolvida, jamais poderá "crer-se" dispensado de qualquer instrução mais, porquanto apenas terá vencido uma resistência material. Do ponto a que chegou é que começam as verdadeiras dificuldades, é que ele mais do que nunca precisa dos conselhos da prudência e da experiência, se não quiser cair nas mil armadilhas que lhe vão ser preparadas. Se pretender muito cedo voar com suas próprias asas, não tardará em ser vítima de Espíritos mentirosos, que não se descuidarão de lhe explorar a presunção ".

"Uma vez desenvolvida a faculdade, é essencial que o médium não abuse dela... Devem (os iniciantes) lembrar-se de que ela lhes foi dada para o bem e não para satisfação de vã curiosidade. Convém, portanto, que só se utilizem dela nas ocasiões oportunas e não a todo o momento. Não lhes estando os Espíritos ao dispor a toda hora, correm o risco de serem enganados por mistificadores. Bom é que, para evitarem esse mal, adotem o sistema de só trabalhar em dias e horas determinados, porque assim se entregarão ao trabalho em condições de maior recolhimento e os Espíritos que os queiram auxiliar, estando prevenidos, se disporão a prestar esse auxilio.

Axé


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