JORNADA MEDIUNICA DA UMBANDA
Disciplina - Humildade - Orgulho - Julgamento - Equilíbrio
A Umbanda é uma religião de profundo amor, caridade e conexão espiritual, onde o médium serve como um canal entre o mundo físico e espiritual.
Para que essa conexão seja plena e pura, o médium precisa desenvolver certas virtudes essenciais, como a disciplina, a humildade, o equilíbrio e a vigilância constante contra o orgulho.
Esses pilares são fundamentais para a evolução espiritual e para o serviço altruísta que a Umbanda exige.
Há duas atitudes negativas e ligadas entre si que são muito comuns na natureza humana.
Parece um tema subjetivo e que foge um pouco do universo umbandista, mas veremos que, na verdade, o orgulho e o julgamento, fazem parte do dia a dia de todos. São responsáveis em grande parte pelo sofrimento das pessoas e podem prejudicar muito a atuação não somente da umbanda, mas de qualquer religião.
Pessoas muito orgulhosas frequentemente são levadas a situações em que se sentem humilhadas ou com vergonha.
Na verdade essa humilhação não é causada por outras pessoas e nem por nada externo.
Quem se sente envergonhado é porque se acha bom demais para passar por alguma situação que esta vivendo e sabemos pela lei de Deus, que se ela está passando por isso é porque merece, até para seu próprio aprendizado.
A vergonha é o fruto podre da árvore do orgulho.
Se você planta orgulho, fatalmente colherá vergonha.
Temos que aprender a cada dia que qualquer dom ou estado de glória que passamos só é possível porque Deus nos permitiu.
Para ilustrar isso basta pensarem em um atleta de renome que a qualquer momento pode sofrer um acidente e forçando-o a aposentar-se ou até a algo mais grave como ficar com sua locomoção limitada.
O exemplo que foi usado é extremo, mas ilustra bem o ponto que quero chegar.
A lei de Deus age nos proporcionando provas para as nossas fraquezas, essas provas se repetem de variadas formas até que tiremos as lições necessárias.
Pessoas orgulhosas muitas vezes são levadas a depender de outras, como ao ficar doente de cama, ou necessitarem de ajuda financeira, com isso vão aprendendo a amolecer o coração e aprendendo que não importa como as pessoas o enxergam, mas sim se está bem consigo mesmo.
A natureza de cada um é divina, cada ser é único e foi criado com uma energia diferente, por isso não faz sentido que todos se enquadrem nos modelos da sociedade.
Certa vez foi dito que todas as pessoas são gênios, mas que se avaliarmos um peixe por sua capacidade de subir em arvores, o mesmo acreditará que é estupido por toda sua vida.
O Julgamento está intimamente ligado ao orgulho, é ação certamente presente na vida dos orgulhosos.
O orgulhoso, que se sente humilhado, é vitima do seu próprio julgamento.
Quando ele sofre por ter que aceitar um favor é porque sempre olhou com maus olhos para quem precisou de um.
Na bíblia, quando as pessoas queriam apedrejar a adultera, Jesus nos deu uma lição. Cada um que intencionava atirar uma pedra, na verdade se julgava superior, achavam que diminuído outra pessoa, estariam amenizando seus próprios erros. Então Jesus os ensina a olhar mais para si mesmo e só atirar a pedra aquele que não tivesse falhas. É claro que ninguém se atreveu naquele momento a atirar as pedras, mas atualmente o ser humano atira cada vez mais pedras.
As pessoas muitas vezes confundem pobreza com humildade. Grande erro.
Ser pobre não torna alguém humilde, pelo contrario, quantas vezes vemos o pobre se sentir envergonhado por ir à casa de alguém com melhores condições, quantas vezes vemos pessoas que por não poderem contribuir da mesma forma que os outros em uma confraternização preferem nem ir, ainda que os outros participantes façam questão de sua presença e de se deponham para ajudar com a contribuição.
Muitas vezes o pobre é quem é soberbo, sendo isso muito comum, inclusive.
O julgamento é o que gera os conflitos, religiões muitas vezes não se respeitam por acharem-se detentoras da verdade absoluta. Não são.
Não existe verdade absoluta, cada um passa pelas provas que precisa e acredita no que tem afinidade.
O que serve para o crescimento de um, não serve para o outro. Dentro da própria religião o julgamento e a comparação, infelizmente, sempre estão presentes. Isto causa a desarmonia do ambiente e tira o foco do proposito maior que é o crescimento coletivo e a caridade. Quão contraditório é um religioso que fica apontando.
Disciplina é a base que sustenta toda a jornada do médium. Sem disciplina, o médium pode facilmente se perder em distrações e influências negativas, comprometendo seu desenvolvimento espiritual e sua capacidade de servir com eficácia.
A disciplina na Umbanda se manifesta de várias formas:
Compromisso com a prática regular: O médium deve manter uma rotina de estudos, meditações e práticas espirituais que reforcem sua conexão com os guias. A regularidade é essencial para que essa conexão se fortaleça e se mantenha estável.
Respeito às diretrizes da casa: Cada terreiro tem suas regras e costumes que devem ser seguidos com rigor. O respeito a essas diretrizes mostra o comprometimento do médium com a ordem e a harmonia do grupo, fatores essenciais para a realização dos trabalhos espirituais.
Preparação constante:
A disciplina inclui a preparação física, mental e espiritual para os trabalhos. Isso significa cuidar do corpo, da mente e do espírito, mantendo uma alimentação adequada, uma mente serena e um espírito em paz.
A falta de disciplina pode levar o médium a perder sua sintonia com os guias, resultando em manifestações mediúnicas desequilibradas e prejudiciais tanto para ele quanto para os consulentes. Portanto, a disciplina é o alicerce que sustenta todo o trabalho espiritual, garantindo que o médium esteja sempre pronto e apto para servir.
A humildade é uma virtude central na Umbanda, essencial para que o médium possa atuar como um canal puro e eficaz para a espiritualidade. A humildade é a verdade vivida. Isso significa que a humildade não é apenas uma atitude externa, mas uma verdade interna, que permeia todas as ações e pensamentos do médium.
Na prática mediúnica, o médium é o instrumento pelo qual os guias espirituais se manifestam.
No entanto, é crucial que o médium compreenda que, embora ele desempenhe um papel importante, o verdadeiro mérito pertence ao guia. Sem a sabedoria, a força e a luz dos guias, o médium nada poderia realizar.
A humildade é o que mantém o médium ciente de seu papel como servidor, não como protagonista. É preciso reconhecer que as curas, os aconselhamentos e as orientações dadas durante as consultas e passes são, em última instância, fruto do trabalho dos guias, e não do médium.
A humildade também se reflete na vida cotidiana do médium. Isso inclui:
Abertura para aprender: Um médium humilde está sempre disposto a aprender, seja com seus guias, com outros médiuns (experientes ou iniciantes), ou mesmo com os consulentes. Ele reconhece que o conhecimento é infinito e que sempre há algo novo a ser aprendido.
Respeito pelos outros:
A humildade leva o médium a tratar todos com respeito, independentemente de suas crenças, status social ou nível de conhecimento espiritual. Isso se estende ao trato com os colegas de terreiro, onde o médium deve agir com fraternidade e cooperação.
Modéstia nas conquistas: Ao alcançar resultados positivos em seu trabalho espiritual, o médium deve permanecer modesto, lembrando-se sempre de que o sucesso é fruto do trabalho conjunto com os guias e da misericórdia divina.
A humildade é a virtude que combate o orgulho. Na medida em que o médium se aprofunda na prática espiritual e começa a ver os frutos de seu trabalho, é natural que o orgulho tente se infiltrar. No entanto, o médium deve estar sempre vigilante para não permitir que o orgulho cresça e obscureça sua visão.
O orgulho pode se manifestar de várias formas: na vaidade por realizar um bom trabalho espiritual, na sensação de superioridade em relação aos outros, ou na resistência em admitir erros. O médium que se deixa dominar pelo orgulho perde a conexão pura com os guias e compromete sua própria evolução.
O equilíbrio é o estado de harmonia entre todas as virtudes que o médium deve desenvolver.
Um médium equilibrado é aquele que, através da disciplina, mantém sua prática espiritual regular; através da humildade, reconhece seu verdadeiro papel como servidor; e, através da vigilância, combate o orgulho que pode surgir ao longo da jornada.
Sem equilíbrio, o médium corre o risco de se tornar extremista em suas práticas, o que pode levar ao fanatismo ou ao desânimo.
O equilíbrio permite que o médium aja com discernimento, sabendo quando é hora de agir e quando é hora de refletir; quando é hora de falar e quando é hora de ouvir; quando é hora de ensinar e quando é hora de aprender.
A jornada mediúnica na Umbanda é uma trajetória de constante aprendizado e evolução.
Disciplina, humildade e equilíbrio são pilares fundamentais para que o médium possa servir de forma eficaz e evoluir espiritualmente.
Ao manter a disciplina, o médium se prepara para servir; ao praticar a humildade, ele mantém sua conexão pura com os guias; ao vigiar o orgulho, ele protege sua alma de influências negativas; e, ao buscar o equilíbrio, ele garante que sua jornada seja harmoniosa e frutífera.
Que todos os médiuns possam trilhar esse caminho com consciência, amor e dedicação, sempre sob a luz e a orientação dos guias espirituais.
Axé