OGUM E EXU

Irmãos de Fé e Trabalho



Exu é uma serventia dos Orixás e acaba sendo bem mais ligado a Ogum. Mas de onde surge essa ligação? Para entender isto devemos ler uma de suas histórias:

Bará aprende a trabalhar com Ogum

Bará era um menino muito esperto.
Todo mundo tinha receio de suas artimanhas.
Ele enganava todo mundo,
queria sempre tirar sua vantagem.
Sua mãe sempre o repreendia
e o amarrava no portão da casa
para ele não ir para rua fazer traquinagem.
Bará ficava ali na porta
esperando alguém se aproximar
e então pedia seus favores,
fazia suas artes e ali se divertia.
Só deixava passar quem lhe desse alguma coisa.

Sua mãe então chamou Ogum e disse a ele
para ficar junto com Bará e dele tomar conta.
Ogum era responsável e trabalhador.
Ogum Avanagã sempre ficou morando com Bará.
Juntos eles moram na porta da casa e se dão bem.
Bará continuou um menino danado,
mas com Ogum aprendeu a trabalhar.
Agora ele ainda se diverte com todos,
mas para todos faz o seu trabalho.
Todos procuram Bará para alguma coisa.
Todo mundo precisa dos favores de Bará.

FONTE: Mitologia dos Orixás, Reginaldo Prandi, Ed. Companhia das Letras

Bará é um outro nome pelo qual Exu é conhecido. Desta forma vemos que aqui fala sobre a esperteza de Exu, associado a sua traquinagem, por adorar uma confusão. Justamente por isso é pedido a Ogum para tomar conta de Exu.

Em muitas lendas Ogum e Exu são irmãos e ambos se relacionam muito bem, a ponto de termos uma das qualidades de Ogum, denominada Xoroquê, que representa uma mescla entre as duas divindades.

Dentro da lenda percebemos que Ogum ensina a Exu como trabalhar e mesmo ele ainda aprontando da suas e se divertindo, ele faz as coisas pelas pessoas e que todos precisam de Exu.

Justamente aqui vemos a qualificação de Ogum como um grande ordenador, que coloca as coisas no caminho correto e traz o caminho reto para as pessoas. Se até Bará aprendeu com Ogum, quem dirá nós?

Isso quer representar que Exu respeita Ogum e respeita suas leis, mas ainda mantém certa liberdade no seu trabalho, até mesmo para aprontar.

Claramente por essa relação tão próxima muitas pessoas confundem achando que Ogum é o sustentador da linha de Exu. Mas isso não é verdade!

Ogum é um condutor ou melhor uma forma de "controlar" os Exus para que eles não façam o que bem entendam, afinal, Espírito ainda tem livre-arbítrio, até mesmo morto.

É legal entender as relações dos domínios dos orixás e como as entidades irradiadas por essas forças se comportam.

Olhando agora por um outro lado, o dos filhos de Ogum, a gente percebe certas relações também com a linha de Exu, tais como: Familiaridade com a Linha, Facilidade de Incorporar, Facilidade em ser médium de Demanda, etc.

Ogum é dito que é o Orixá que vem a frente de todos, dando ordenação e abrindo os caminhos para os demais trabalharem. Desta forma, Exu só teria espaço se Ogum permitisse que esse espaço estivesse ordenado.

Os Filhos de Ogum sentem uma grande facilidade na incorporação das entidades chamadas Exus e Pombagiras, até mesmo muitas vezes pendendo para um lado muito mais de Quimbanda do que de Umbanda, propriamente dito. Porém essa balança deve se manter em constante equilíbrio para evitar prejuízos para o próprio médium.

Da mesma forma o filho de Ogum é capaz de absorver mais carrego e aguentar uns trancos mais fortes em trabalhos de demanda e até mesmo muitos são vistos como médiuns de transporte. Contudo eu vejo que o filho de Ogum médium é mais um sustentador do que propriamente um médium de transporte.

Ogum é visto como o senhor de todos os caminhos e as encruzilhadas são os locais de Exu. Mas o que seriam as encruzilhadas senão o local onde dois ou mais caminhos se encontram? Ainda mesmo sendo terra de Exu, a primazia advém de Ogum.

Até mesmo as questões mais "arraigadas" no imaginário popular, como da oferenda no meio da encruza, nem sempre é bem vista por todos os autores. Na Umbanda tradicional, a oferenda era deixada no canto esquerdo das encruzilhadas e as oferendas de Ogum bem no meio da encruzilhada, pois vindo de onde viesse Ogum se serviria do prato ofertado.

Ainda podemos destacar que os Oguns são guardiões e os Exu seriam seus sentinelas e batedores, trabalhando em conjunto em incursões ao astral inferior para ordenar o local e também para resgatar aqueles que já tem merecimento para tal.

O mais legal de tudo isso é ver como as divindades se conversam em seus domínios e atributos e como isso é realmente benéfico e enriquecedor para a Umbanda.

Axé


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