ORIXÁS NÃO CULTUADOS NO BRASIL
Caracteristicas
O culto às divindades africanas foi trazido ao Brasil pelos africanos na época da colonização. Os àwọn Òrìṣà (Orixás), divindades da etnia yorubá, são mais de 400 na África. No entanto, no Brasil, o culto a essas divindades foi restrito a cerca de 20 Orixás mais conhecidos. A seguir, apresento alguns desses Orixás raros e suas características, que não são cultuados em solo brasileiro.
Olókunbẹ̀
Olókunbẹ̀ é uma divindade associada às profundezas do mar e à sabedoria oculta. Não é o mesmo que Olókun (cultuada na tradição yorubá como divindade dona dos oceanos), pois está mais ligada ao mistério e à força indomável das águas profundas. Já Olókunbẹ̀ é associado à criação e ao controle da vida marinha, que aqui no Brasil foi atribuída a Yemọja.
Ìfúnsọ̀
Ìfúnsọ̀ é uma divindade da fertilidade e da proteção das crianças, muito reverenciada em comunidades agrárias nigerianas. Ela está intimamente ligada à vida e ao crescimento, protegendo os recém-nascidos e garantindo a continuidade da linhagem familiar. No Brasil, não há um culto estruturado para Ìfúnso, embora aspectos de sua função sejam encontrados em outras divindades como Ọ̀ṣun (Oxum) e Yemọja (Yemanjá).
Odùdúwà
Após sua morte, Odùdúwà tornou-se uma figura central no culto aos ancestrais (àwọn ésà) e no culto aos Orixás. Os mitos falam que Odùdúwà, foi um grande guerreiro e fundador da cidade de Ilé Ifẹ̀, o berço da civilização yorubá. Como Orixá, Odùdúwà é associado ao grupo dos Orixás funfun, divindades ligadas à pureza, paz e ao uso da cor branca, como Oxalá. Além disso, ele é venerado como uma divindade da criação da terra, desempenhando um papel importante na formação do mundo físico. Sua importância religiosa se reflete tanto no culto às origens espirituais quanto na ligação com a terra e o poder da ancestralidade.
Oríkì
Em terras yorubás, Oríkì é um nome ou título de um espírito protetor, relacionado à um texto com invocações poéticas, direcionadas aos Orixás ancestrais de uma família. Cada clã, pessoa ou cidade, tem seu Oríkì especifico. Esse Oríkì, é uma forma de enaltecer as qualidades e poderes das divindades, ligadas ao espirito ancestral daquela comunidade. Então, Oríkì não é propriamente cultuado como uma divindade, mas desempenha um papel central em cerimônias religiosas e culturais. Aqui no Brasil, Oríkì ficou apenas como um texto de saudações a uma divindade.
Ọmọlẹ̀ayọ̀
Ọmọlẹ̀ayọ̀ é um espírito feliz, travesso, intermediário entre o mundo dos vivos e os ancestrais. Eles não são adorados como àwọn Òrìṣà (Orixás) propriamente ditos, mas são invocados em rituais específicos para estabelecer uma conexão com os antepassados ou para neutralizar energias negativas. Aqui Brasil, não há culto a Ọmọlẹ̀ayọ̀, mas o Eré que aqui é o intermediário entre o iniciado e o seu Orixá, assemelha-se bem com Ọmọlẹ̀ayọ̀.
Àjàgùnmàlẹ̀
Àjàgùnmàlẹ̀ é uma divindade yorubá conhecida como: Àjàgùnmàlẹ̀ gbé ọ̀run ou 'o sacerdote que mora no céu'. Ele está profundamente associado à sabedoria, ao destino e à adivinhação, pois é um grande conhecedor do sistema de adivinhação Ifá. Àjàgùnmàlẹ̀ tem a capacidade de desvendar o futuro e fornecer orientações sobre o destino dos seres humanos, sendo assim, uma divindade fundamental na cultura yorubá. Por isso, além de sua importância religiosa, Àjàgùnmàlẹ̀ simboliza também a conexão espiritual com o universo, sendo um modelo de sabedoria e justiça em vários mitos yorubás.
Àjàgẹ̀mọ̀
Àjàgẹ̀mọ̀ é uma divindade yorubá ligado a Ọbàtálá, que tem o poder de controlar as doenças epidêmicas. Aqui no Brasil, ele citado como uma das denominações de Òṣàlá. Além de amenizar as doenças, Àjàgẹ̀mọ̀ é também reverenciado em terras yorubás, por sua capacidade de trazer paz às comunidades durante períodos de grande calamidade.
Orò
Orò é um Orixá temido, associado ao poder dos ancestrais e à justiça divina. Ele rege rituais secretos feitos no interior da floresta, muitas vezes reservados exclusivamente para homens iniciados. Seu sacerdote é o Abẹrẹ, que o invoca para resolver disputas e trazer equilíbrio à comunidade. Sua presença é marcada por ventos fortes com sons estridentes.
Òséèrèmàgbò
Òséèrèmàgbò é uma rara divindade yorubá ligada ao uso ritual das plantas que proporcionam cura. Seu conhecimento é passado de forma restrita entre praticantes que trabalham com ervas e plantas sagradas, mas sua adoração não chegou ao Brasil de forma estruturada. Em nosso país, Ọ̀sányìn ficou com o domínio de todas as plantas.
Esses Orixás e espíritos, menos conhecidos no Brasil, possuem cultos estruturados em várias regiões da África, mas aqui seus ritos e manifestações não evoluíram. A colonização trouxe africanos de diferentes etnias, o que moldou e adaptou o culto às divindades africanas, deixando muitas delas de fora. O Candomblé, criado no Brasil, sintetiza e agrega um número reduzido de divindades, recriando rituais e dogmas para a realidade local, como o jogo de búzios, uma adaptação do oráculo de Ifá, e o ritual das águas de Oxalá, que também foi adaptado. Os doze Obás de Ṣàngó (Xangô) foram uma criação de Mãe Aninha, a primeira Ìyálórìṣà (Yalorixá) do Terreiro de Candomblé Ilé Àṣẹ Òpó Àfọ̀njá, em Salvador, Bahia.
Ẹ jẹ́ ká ṣìṣe iyì fún ẹ̀sìn àti ìgbàgbọ́ tí àwọn ésà! (Vamos valorizar a religião e a fé deixada pelos ancestrais!)
Axé