PEDRAS NA UMBANDA
A Potencialização do Reino Mineral
As pedras estão presentes na vida humana desde a pré-história. Muitos monumentos religiosos datados de milênios atrás demonstram nossa fascinação pelo mundo mineral e seu poder energético.
Várias religiões têm seus fundamentos em pedras: o Éfode dos Judeus, a Caaba dos Muçulmanos, a Pedra Dara dos Católicos, os Assentamentos Candomblecistas e Umbandistas.
A Umbanda é uma religião natural, ou seja, cultuada através dos elementos naturais (fogo, ar, água, terra, pedra, vegetal) e seus Pontos de Força na Natureza (mar, cachoeiras, matas, pedreiras, lagoas, etc.).
As pedras preciosas, cristais e as mais variadas gemas encantam a humanidade com sua beleza e seu brilho único desde os primórdios em que se tem registro. Essas pedras sempre foram símbolo de status e poder, porém em alguns círculos religiosos como na umbanda elas possuem um valor um pouco diferente.
Quando se observa o decorrer da história, fica claro o valor econômico atribuído a diversas gemas, normalmente estabelecido por sua beleza e dificuldade de obtenção. Mas para muitas crenças religiosas esse valor ultrapassa a estética, sendo a elas atribuídas certas propriedades místicas, como a capacidade de canalizar energias específicas e conferir certos poderes e bênçãos a seus usuários.
Como as pedras podem ser utilizadas como canais de energia, a umbanda faz uso justamente do poder destas para atrair e captar tipos específicos de energias místicas. Estas pedras, sendo partes da mãe natureza e um presente para a humanidade, podem estar sintonizadas com a energia mística de algumas entidades como o preto velho, por exemplo.
O que a umbanda faz é utilizar essas pedras em adornos, dentro de algum ponto riscado e trabalham também com elas nas mãos, de modo a sintonizar as energias corretas de cada entidade. Dentro de um terreiro podemos observar logo abaixo do altar o Otá, uma pedra específica que é o ponto forte do assentamento. Da mesma forma, é comum ver uma tronqueira de um terreiro assentada com pedras, já que estas são normalmente solicitadas pelos guardiões dos templos.
Como as pedras fazem parte da natureza, trazem em si uma energia intensa e pura. Dessa forma, conseguem buscar com mais efetividade e sucesso a energia pretendida do mundo espiritual.
Elas funcionam como uma estrada sem grandes desvios, daquelas em que sabemos o caminho, a distância e o tempo que levamos para chegar até onde queremos.
Nos terreiros de Umbanda, sempre vemos logo debaixo do altar uma pedra grande e outras menores servindo de adorno e de complemento para os outros objetos. É comum também que algumas vestes sejam enfeitadas com pedras e até mesmo que se tenha o costume de manipular alguns desses minerais com as mãos enquanto as orações são feitas e as entidades chamadas.
Como podemos interagir com o reino mineral e potencializar nosso trabalho espiritual a partir de uma visão umbandista?
Dentre muitos elementos que existem dentro da Umbanda temos o privilégio de trabalhar com as pedras, mas qual é o segredo para trabalhar com elas?
Primeiramente devem conhecer e estudar seus fatores divinos (que são as menores partículas de Deus, energias vivas e divinas de Deus, as quais compõem tudo que existe no exterior D'ele, inclusive nós).
Um exemplo bem claro é que quando falamos de ervas podemos dizer que elas tem muitas energias correto?
Isto significa que essa erva é um composto fatoral cujas energias podem ser preponderantes de algum Orixá, porém não quer dizer que ela seja somente desse Orixá, e cada erva tem as suas próprias energias. Por este motivo dizemos que uma tal erva é de um certo Orixá, o mesmo acontece com as pedras.
Existem pedras que são formadas por diversos fatores, com isso, assim como no caso das ervas, não podemos afirmar que uma pedra seja somente deste ou daquele Orixá.
A melhor forma de nos expressarmos seria: essa pedra contém tal fator ou função, utilizando assim o entendimento do composto fatoral de cada uma, conhecendo suas energias e a partir daí podemos cruzar, consagrar e imantar (oferecer) uma pedra para um ou outro Orixá ou Guia.
Após entendermos um pouco sobre os fatores e energias que compõem as pedras podemos observar que uma pedra que serve para iluminar também pode servir para curar, absorver energias negativas, purificar os seres, recompor o corpo energético de espíritos sofredores, etc… Além de conhecer seus fatores divinos também é muito importante ter equilíbrio e discernimento nas diversas situações para saber utilizá-las.
Outro ponto importante a ser abordado é sobre a limpeza das pedras que pode ser feita colocando-as no sol por exemplo (nem todas podem ir ao sol, vide a pedra celestita). Existem pessoas que preferem deixar dentro de água com sal, porém, algumas pedras podem sofrer danos em sua estrutura pois possuem uma grande concentração de calcário dentro ou outros minerais que se diluem na água quando mantidas nela por muito tempo. Essa limpeza pode ser feita através de uma reza onde pedimos para purificar, consumir energias negativas e se for feita no sol que a luz deste possa renová-las e energizá-las.
Para limpeza e energização de pedras, prefiro, pessoalmente, utilizar a selenita branca. Esta pedra quando em contato com outras inicia um processo de limpeza e reenergização natural. Coloco minhas pedras próximas de uma grande selenita e peço para agir em todas com as funções de limpeza e reestabelecimento energético.
Dentre as muitas opções de itens de trabalho que temos dentro da Umbanda, os cristais e metais são inclusões recentes. Isto se deve um pouco a influência de uma cultura New-Age, que acaba utilizando esses tipos de elementos como instrumentos de magia, por si só.
Contudo, apesar de ser muito utilizado em outras escolas mágicas, na Umbanda não há uma tradição tão comum assim sobre as pedras, cristais e metais. De qualquer forma, eles possuem valores e podem criar uma nova frente de trabalho na Umbanda e nas terapias agregadas.
De fato o uso de elementos tais como cristais é muito mais utilizado em magias com ancestralidade européia e essa pitada de new-age, como a Wicca. Dentro da Umbanda há uma certa resistência a isto nas Umbandas mais tradicionais e uma total aceitação sem medidas e sem qualquer contexto dentro das Neo Umbandas.
Basicamente, nas Neo Umbandas, esquecemos as propriedades pertinentes de cada tipo de cristal ou metal (devido a sua composição química). e acabam associando apenas algumas pedras fixando-as as forças que chamamos de Orixás. Assim você verá que Oxalá carregará o Cristal de Quartzo Branco ou Transparente como uma de suas pedras de poder, enquanto Oxóssi receberia a Esmeralda.
Essas associações se dão mais pela cor das pedras em si do que realmente pela vibração que a pedra possui. Se formos pensar calmamente um lápis-lazúli é azul e pode ter certo contexto junto a Iemanjá, mas é um tipo de pedra ou cristal que se degrada em água, sendo antagônica a própria força do Orixá.
Como proceder?
Analisando isso mais detidamente.
As forças das Sete Linhas tem ressonância com as vibrações das cores e desta forma podemos extrapolar a mesma situação para os minerais, pedras e cristais. Se um cristal é de uma determinada cor ele também terá a vibração daquela Força – chamada de Orixá.
Mas o que quero deixar aqui claro é que não é o Cristal que tá emanando aquela vibração, mas a cor dele. Se usarmos uma esmeralda para Oxóssi, no campo de cura, não serão as propriedades da PEDRA esmeralda que irão ser usadas – neste tipo de aplicação – mas sim sua cor verde. Justamente por isso podemos substituir a esmeralda que é uma pedra cara, por uma mais acessível financeiramente, com a coloração verde como é o caso da amazonita ou do próprio Quartzo Verde.
Uma outra questão que se dá é no caso de Orixás (forças) com cores diferentes dependendo da Vertente. Como o processo aqui se dá pela vibração, não seria dificultoso usar uma pedra de uma cor, esperando um resultado diferente do que ela se propõe? Por exemplo, Ogum é visto como um Orixá que carrega a cor Azul-Escuro dentro de algumas vertentes, mas na que eu pratico (e em grande parte delas) é a cor Vermelha a que ele responde.
Então, qual pedra deveria usar nesse caso? Um Quartzo Azul resolveria? Uma Sodalita? Um Jaspe Vermelho?
Justamente aqui que entram as convenções das pedras dos Orixás. Nós, por meio da experiência ou da tentativa e erro vamos analisando qual é a energia que vibra mais adequadamente com aquele Orixá. Podemos até mesmo fazer uma experiência de cunho radiestésico para encontrar as correspondências.
Conforme a tradição nos diz, as pedras para os Orixás são as seguintes:
- Oxalá | Cristal de Quarzto Transparente
- Ogum | Sodalita e Hematita
- Oxóssi | Esmeralda e Quartzo-Verde
- Xangô | Jaspe Vermelho
- Iansã | Critino e Granada
- Iemanjá | Água Marinha
Desta forma podemos correlacionar as pedras com o uso nas frequências das forças, linhas e Orixás. Mas analisando detidamente cada uma delas, iremos encontrar propriedades individuais, conforme sua composição química, sua estrutura molecular e vibrações.
É importante ressaltar também que dependendo do local em que a pedra foi "CRIADA" ela terá uma vibração maior ou menor para determinada situação.
O Quartzo por exemplo é um nome dado a diversos tipos de cristais e são muito associados as práticas místicas, holísticas e espirituais. Sua composição básica é de Dióxido de Silício e ele tem formato hexagonal. Associamos esse tipo de cristal, principalmente o Cristal Transparente, a práticas curativas, a práticas de harmonização, a purificadores, mas de fato a sua melhor e mais ativa propriedade é a de amplificação de outras energias. Por isso mesmo que deve-se prestar atenção quando for usar esse quartzo em alguns sentidos, por exemplo para uma dor de cabeça, pois ele pode amplificar a dor de cabeça. É encontrada em todo o globo.
A Sodalita possui um tom azulado e é uma pedra que nos leva a ressignificar situações de nossas vidas. Atua especialmente no campo mental, limpando a Aura de quem a utiliza levando a clareza de Raciocínio. Por isso é tão associada a Ogum, por ele ser um Orixá ligado ao mental e as atividades da razão. Bastante comum de encontrá-la na América do Norte, no Brasil e na França.
A Hematita possui uma coloração metálica que lembra muito o aço e tem a propriedade de eliminar energias negativas no ambiente e também na aura de quem se utiliza da mesma. Segundo algumas literaturas ainda tem capacidade de aumentar a força e a coragem de seu portador. Usada em tratamentos para compulsão e vícios, também é bem efetiva em doenças crônicas, estimula também a circulação sanguínea e por consequência a movimentação energética. Associada diretamente ao planeta Marte, que também se associa a força de Ogum. Encontramos esta pedra mais facilmente na Grã-Bretanha, na Itália, no Brasil, na Suécia, no Canadá e na Suíça.
A Esmeralda é uma das pedras mais caras, usada em jóias e muito desejada. Possui uma capacidade de harmonização e equilíbrio incrível, repelindo grande parte da negatividade que se forma em torno de um indivíduo. Também tem propriedades de cura – como a maioria das pedras em tonalidade verde – e fortalece a visão, tanto a interior, quanto a exterior. É comum usar uma esmeralda no chakra frontal para despertar a clarividência. Pode ser encontrada na Índia, no Zimbábue, na Tanzânia, no Brasil, no Egito e na Áustria.
O Quartzo-Verde possui quase todas as propriedades dos quartzos, como vimos no Quartzo transparente, mas associado a isto também é possível encontrar fortalecimento da regeneração celular, aumentando assim a capacidade de cura do indivíduo. Usada como uma pedra curativa, atua também no equilíbrio emocional, assim como sua contra-parte o Quartzo-Rosa, podem ser utilizados junto ao chakra cardíaco para despertar tanto o amor-próprio (quartzo-verde), quanto a empatia e compaixão (quartzo-rosa). O ideal é alternar ambos, sete dias com um, sete dias com outro.
O Jaspe Vermelho é uma pedra que é associada a proteção e ao poder de concretização de uma ideia. Relacionada a Sabedoria, era utilizada por altos sacerdotes e também pelos reis de outrora, para que pudessem ser mais sábios para o seu povo. Uma de suas atribuições é a justiça, recebendo as energias nocivas e as reencaminhando para sua origem. Recomenda-se ter fontes de água com Jaspes Vermelhos em ambientes muito carregados como Hospitais, Clinicas, Escritórios de Advocacia, Fórum. Pode ser encontrada no mundo todo.
O Citrino é uma pedra que se assemelha muito a ametista e que tem uma conotação de prosperidade material. Também é um bom neutralizador de energia nocivas e nos ajuda a identificar a origem de demandas espirituais. Por ser uma pedra que auxilia muito na concentração é indicada para quem utiliza muito da mente. Também tem uma forma hexagonal e é muito comum no Brasil. Algumas fontes citam que em sua origem era uma ametista que foi "beijada" pelo fogo, seja por meio de um raio ou de uma fonte vulcânica.
A Granada é extremamente vitalizadora e também é uma pedra que nos ajuda a identificar a origem das demandas espirituais. Usada para movimentação da mente, retirando os pensamentos nocivos e compulsivos, para dar lugar a novos pensamentos. Também é possível usá-la para resgates de memórias, inclusive de vidas passadas. Neste aspecto podemos usar em Kiumbas que perderam a memória de como era ser um humano comum, para sensibilizá-lo. Pode ser encontrada no mundo todo.
A Água-Marinha é uma pedra de cor azul-esverdeada, lembrando muito a cor do mar em dias ensolarados. Tem uma capacidade de tranquilizar as energias da pessoa, como uma praia tranquiliza a mente. Indicada para pessoas com estresse ou que sofrem de transtorno de ansiedade. Ajuda a combater o medo irracional e aumenta a nossa percepção para o mundo espiritual. Pode ser encontrada no Brasil, na Rússia, nos EUA, na Índia e no México.
Este são um dos exemplos de pedras usadas dentro da Umbanda, ainda poderíamos expandir mais o texto falando sobre o Ferro, o Aço, o Cobre, a Turmalina Negra, a Obsidiana, o Ônix e diversas outras pedras, mas por enquanto ficaremos com essas informações, querendo saber mais leiam no site: Pedras dos Orixás.
Todo elemento na Umbanda Sagrada tem poder de realização se soubermos usá-lo.
"Umbanda tem fundamento, é preciso preparar!"
Axé