PEMBA NA UMBANDA

Instrumento Sagrado



A Magia da Pemba usada na Umbanda está fundamentada em um mistério, o das vibrações divinas irradiadas continuamente para toda a Criação pelos Orixás, sendo que cada uma das vibrações emitidas traz em si um poder de realização que faz acontecer todo um trabalho, após ser riscada de forma simbólica pelas Entidades. Isso porque cada vibração emitida por um Orixá realiza uma função e um trabalho específico e o conjunto das vibrações de um único Orixá constitui a sua Magia de Pemba específica.

Sabendo disso, e se particularizar a simbologia mágica usada pelas entidades, então se vê que existe uma Magia de Pemba para Oxalá, outra para Xangô, outra para Ogum, outra para Oxum e assim sucessivamente. Todavia, devido ao fato de se desconhecer todas as vibrações de um Orixá, é difícil de se obter todas as condições de trazer para o plano material o conjunto de todos os seus símbolos mágicos, criando assim um formulário simbólico especifico .

Esse conhecimento existe nos níveis mais elevados da Criação, mas ainda não está aberto para o Planeta Terra, limitando assim a um determinado número de vibrações, de símbolos e signos formados por elas e, mesmo assim, sem a indicação de suas funções e dos trabalhos que realizam após serem riscados pelas Entidades, fato este que não concede a nenhum umbandista a distinção de profundo conhecedor da Magia riscada de Umbanda, até porque ela transcende a capacidade intelectual humana. 

Existem diferentes formas de manifestações na Umbanda, e existem terreiros que utilizam bebidas como elemento purificador, outros usam cigarros como potências energéticas expansoras, outros têm vestimentas próprias estimulando a fé, a crença e o conhecimento de forma mais visual, outros ainda têm o culto aos Orixás com manifestações, oferendas e obrigações mais acentuados e próprias. Aliás, são tantos aspectos, fundamentos, ritos e rituais diferentes que até as rezas diferenciam de terreiro para terreiro.

E é entre tantas diferenças que encontramos um elemento comum e fundamental em todos os terreiros de Umbanda: a Pemba.

Não conheço, aliás, nem imagino, que exista um terreiro de Umbanda que não utilize a Pemba, seja ela usada nos assentamentos e firmezas, nos pontos riscados e cruzamentos de médiuns, seja em forma de pós e amacis, nos rituais e cerimoniais como batismo, casamento, conversão religiosa... Enfim, a Pemba é um dos elementos mais importante para um Terreiro e todo o trabalho espiritual/magístico que ele realiza.

Saber usar, os fundamentos, os cuidados, é portanto, obrigação para todos aqueles que bem querem manifestar e bem querem estar na Umbanda.

Tal sua importância, a Pemba é um dos poucos elementos que pode tocar a coroa de um médium, deste modo é utilizada na lavagem de coroa, em amacis, nos banhos de descarrego, de harmonização etc. Fato que faz com que sua nomenclatura seja utilizada como referência à Lei Divina, a LEI DE PEMBA, ou ainda, relacionada com os trabalhadores da Umbanda, os FILHOS DE PEMBA.

Devido sua matéria prima, o calcário - rochas sedimentadas (encontradas no mar, rio, caverna etc), composto de ferro, argila, cálcio, calcita, fluorita, materiais orgânicos entre outros minerios naturais, é que os Guias Espirituais usam a Pemba para manipular as forças da natureza e a energia do fogo, da água, do ar e da terra.

A pemba branca pode ser usada continuamente por qualquer Entidade e pelo próprio médium, já as pembas coloridas têm uso quase que exclusivo no traçado de símbolos específicos propiciando a ação de determinado Orixá, o que requer cuidado, delicadeza, conhecimento e "permissão".

Justamente por isso, o ponto riscado por uma Entidade deve ser olhado com respeito, porque através dos símbolos e signos inscritos nele está fluindo o poder de Deus/Olorum irradiado através dos Orixás, que, por meio deles, têm uma forma de auxiliar as pessoas e até os espíritos necessitados de auxílio que chegarem diante da Entidade que o riscou. 

Cada cor corresponde a um Orixá: OXALÁ - branca; YEMANJÁ - azul clara; XANGÔ - marrom; OXOSSI - verde; OXUM - rosa; OGUM - vermelha; YANSÃ - amarela; OBALUAYÊ - violeta; EXU - preta; POMBAGIRA - vermelha.

Exemplos de pontos riscados e suas possíveis interpretações

OXALÁ: Tudo que representa a presença de Luz. (Sol, por exemplo).

OGUM: Espada, lança, bandeira usada pelos cavaleiros, outros instrumentos de combate.

XANGÔ: Machado ...

OXUM: Lua, coração, ondas na vertical,...

IANSÃ: Taça e o raio,...

IEMANJÁ: Estrela, a âncora, as ondas na horizontal,...

OXOSSI: A flecha e o arco,...

NANÃ: O Ibiri (um feixe de ramos de folha de palmeira com a ponta curvada e enfeitado com búzios) ou chave,...

OBALUAIÊ: Cruzeiro/Cruz,...

Omulu: Cruzeiro/Cruz,...

Um Ponto: o Ser Supremo, a origem, Deus/Olorum.

Uma Linha Reta: o Mundo Material.

Duas Linhas Retas: o Princípio de tudo, o Masculino e o Feminino.

Uma Linha Curva: a Polaridade.

Dois Traços Curvos: as duas polaridades - positiva e negativa.

Um Triângulo de Lados Iguais: a Força Divina - Pai, Filho e Espírito Santo - Santíssima Trindade.

Dois Triângulos (Hexagrama): Estrela de seis pontas - todas as Forças do Espaço.

Um Quadrado: os 4 elementos (Água, Terra, Fogo e Ar)

Um Pentagrama: a Estrela de Davi e o Signo de Salomão - a Linha do Oriente, Oxalá, a Luz de Deus.

Três estrelas: também podem representar os Velhos e as Almas.

Círculo: o Universo, a Perfeição.

Um Círculo com Dois Diâmetros Entre Si: o Plano Divino, o Quaternário Espiritual.

Círculos Menores e Semicírculos: as fases da lua (símbolo de Iemanjá), forças de luz, inclui Iansã.

Círculo com Estrias Externas: o sol (símbolo de Oxalá).

Espiral - para fora: indica chamamento de força, retirando demanda ou irradiação de Boiadeiro.

Seta Reta ou Curva e Bodoque: - irradiação de Oxóssi (caboclo).

Balança, Machado ou Nuvem: símbolos de Xangô e do Oriente.

Raio (condições atmosféricas): símbolo de Iansã.

Espada Curva reta ou inclinada: símbolo de Ogum.

Também é símbolo de Ogum a Bandeira Branca com Cruz Grega Vermelha.

Flor ou Coração: símbolos de Oxum.

Coração com uma Cruz no Interior: símbolo de Nanã.

Também é símbolo de Nanã os Traços Pequenos na Vertical (chuva).

Folhas ou Plantas: símbolos de Oxóssi ou Pretos velhos.

Tridentes: símbolos para Exu e Pomba Gira. Se utilizam garfos curvos para a Calunga, e garfos retos para a Rua, (havendo ou não caveira). Também se utiliza para diferenciar entre o masculino do feminino da seguinte forma, tridentes curvos para determinação do feminino e retos para o masculino.

Cruz Latina Branca: Cruz de Oxalá.

Cruz Grega Negra com pedestal: símbolo de Omulu.

Arco-íris: símbolo de Oxumaré.

Estrela Branca (Oriente): Luz dos espíritos.

Estrela Guia (com cauda): símbolo da capacidade de acompanhamento (Oriente).

Um Oito Deitado (Lemniscata): símbolo do Infinito.

Cordão com Nó ou um Pano: símbolo das crianças.

Conchas do Mar: símbolo das crianças na irradiação de Iemanjá, Oxum e Nanã.

Águas Embaixo do Ponto: símbolo de Iemanjá (mar).

Pequenos Traços de água: símbolo de Oxum.

Traço ou Linha Curva com Círculo nas Pontas: símbolo de força, e descarregos.

Rosa dos Ventos: chamada de força ou descarrego.

Palmeiras ou Coqueiros: força dos Velhos ou Baianos.

Traço com Três Semicírculos nas Pontas: descarrego e força a necessitados.

Traço com uma entrada e duas saídas (como uma letra Y): Símbolo de Preto Velho, possivelmente um mentor da coroa de um médium, demonstrando que caminhos tem opções para a evolução.

Os Pós de Pembas alcançam dimensões sutis e extensas, harmonizam, descarregam e energizam os médiuns, os consulentes, o terreiro e qualquer ambiente potentemente. São preparados dentro de rituais próprios usando ervas e sementes específicas.

Sem o conhecimento teórico, energético e ritualístico, os Pós de Pembas chegam a ser perigosos, causando danos dificilmente revertidos.

Os Cruzamentos de Pemba dão firmeza e proteção aos médiuns, ajudam no desenvolver mediúnico e no equilíbrio dos vórtices energéticos, os chacras. Com os chacras equilibrados e cruzados as emissões e as captações energéticas tornam-se harmoniosas e benéficas.

Os pontos cruzados e o tipo de cruz usados nesse ritual interferem potencialmente no real benefício desse ato ritualístico umbandista, portanto não deve ser feito sem real conhecimento. Um simples exemplo de Cruzamento do médium que favorece uma intensa proteção é a cruza da articulação do pulso direito, em seguida da articulação do pulso esquerdo finalizando com a cruza da nuca criando assim, um triângulo de força etérica na Lei de Pemba.

Até mesmo os pontos riscados devem e merecem nosso Conhecimento, mesmo porque através deles conseguimos saber qual Linha, qual Orixá e até qual a forma de trabalho de uma Entidade Espiritual. Aliás, antes de qualquer coisa precisa-se saber diferenciar os pontos simbólicos dos identificatórios e dos magísticos, não é mesmo?

Portanto, estudar é a melhor opção. 

Não tem jeito, dizer que o Guia sabe tudo e que ele pode nos ensinar já sabemos, agora, saber cada detalhe dos pontos que abordei acima, saber fundamentar o porquê, saber mais a fundo e outros cuidados e possibilidades da Pemba, só com estudo, com dedicação, com vontade e senso de responsabilidade.

Enfim, espero que essas poucas linhas os ajudem no conhecimento sobre a Pemba e suas funções, assim como os estimulem na busca pelo Saber.

Não podemos esquecer, a Umbanda tem fundamento, tem lógica, tem sentido, tem o 'porque' e o 'para que', precisamos, portanto, fazer nossa parte se quisermos aproveitar bem essa grandiosa experiência de ser umbandista. 

Por fim, para homenagear esse instrumento sagrado, segue o ponto cantado na abertura de todos os trabalhos de Umbanda: 

"Ô salve a Pemba! Também salve a toalha! 

Ô salve a Pemba! Também salve a toalha! 

Salve a coroa, É de nosso Zambi é o maior! Salve a coroa!

É de nosso Zambi é o maior!" 

Axé


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