PRETOS VELHOS

Arquétipo



Mesmo que você nunca tenha ouvido falar absolutamente nada sobre umbanda, provavelmente já ouviu alguma coisa sobre uma de suas figuras mais emblemáticas e populares: o Preto-Velho. O Preto-Velho é uma linha de trabalho de entidades de umbanda, espíritos que incorporam representando arquétipos de velhos africanos que sofreram nas senzalas na época da escravidão e que morreram de velhice ou torturados.

Os pretos-velhos são conhecidos como contadores de histórias, além de serem ótimos conselheiros, visto serem pacientes, paternais e bastante sábios. Suas palavras costumam ser de esperança, amor e fé; normalmente se dirigem aos seu interlocutores como "meu filho" e "minha filha".

Além disso, no que se refere ao aspecto físico, eles são conhecidos por estarem sempre encurvados, falarem com um tom de voz de idoso e estarem sempre munidos com seu cachimbo, objeto muito característico. 

Antes de entendermos o que é um Preto-Velho, precisamos esmiuçar sua definição. Na introdução, explicamos que o Preto-Velho é uma linha de trabalho da umbanda. Mas, afinal, o que é uma linha de trabalho da umbanda? Na umbanda, linhas de trabalho são os tipos de espíritos específicos que me manifestam em um terreiro também específico.

Na umbanda, a linha de trabalho é comumente dividida em esquerda e direita, sendo que esses termos nada têm a ver com os termos relacionados à política. De maneira bastante simplificada, são considerados de esquerda os espíritos que trabalham absorvendo e consumindo desequilíbrios, vícios e negatividades (exemplos: exu, exu-mirim, pombagira); de direita são aqueles que reestruturam os desequilíbrios, os vícios e as negatividades (exemplo: Preto-Velho, cabocolo, baiano, erês [crianças], marinheiros).

Vale ressaltar o fato histórico e percursor das manifestações dos pretos velhos na Umbanda, presente desde de sua anunciação ou fundação, em novembro de 1908 com o advento do Caboclo das Sete Encruzilhadas. Na oportunidade após a primeira "incorporação oficial" do caboclo que anunciara um dia antes a gira pública de fundação da Umbanda, manifestou-se também através da mediunidade de Zélio de Moraes a entidade Pai Antonio. Era a presença espiritual dos negros que haviam juntamente com indígenas sidos repelidos da reunião na federação espírita. 

Apresentando aspectos de um ancião de fala "atrapalhada" e com postura humilde, Pai Antonio, simbolizou desde então as formas de trabalho da linha dentro da religião. O uso de tocos ou bancos como assento durante os atendimentos, a utilização de fumos nos cachimbos para fins magísticos de combate a enfermidades físicas ou espirituais deletérias, as guias de fios de contas para proteção energética durante os trabalhos, entre outros aspectos da cultura dos cultos de nações africanas. 

Outros fatos e curiosidades marcaram e caracterizaram ainda na fundação da Umbanda a presença desta falange. Importante ressaltar que as manifestações do arquétipo, muito provavelmente, já ocorriam, pois, assim, indicam outras fontes de pesquisa. Deste modo, o fato ao qual nos referimos é estritamente relacionado ao ambiente de surgimento da Umbanda, anunciado, proposto e organizado pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas.São inúmeros os nomes cabalísticos ou de trabalhos dos falangeiros desta linha, assim como os demais (outros espíritos militantes de Umbanda), podem ou não apresentar relações com a energia do Orixá que representam ou irradiam. Em geral são chamados de Vovô, Vovó, Pai, Mãe, Tio ou Tia possibilitando nomes assim: 

Pai Antero da Encruzilhada, Pai Anacleto, Pai Trancoso, Pai Congo, Pai Joaquim de Moçambique, Pai Antônio, Vovô Agripino, Pai Benedito, Pai Benguela, Pai Caetano, Pai Cipriano, Pai Congo, Pai Dindó, Pai Fabrício das Almas, Pai (Vovô) Firmino D'Angola, Pai Francisco Pai Jacó, Vovô Jeremias, Pai Jerônimo, Pai João, Pai João Baiano, Pai Joaquim, Pai Jobá, Pai Jobim, Pai José D'Angola, Pai Mané, Pai Miguel D'Arruda, Pai Roberto, Pai Serafim, Pai Serapião, Pai Severino, Pai Tomaz, Pai Pedro, Pai Tomé, Velho Serafim.

Vovó Juventina, Vovó Acácia, Vovó Quimbandeira, Vovó Ana, Vovó Anastácia, Vovó Cambinda (ou Cambina), Vovó Filó, Vovó Carolina, Tia Chica, Vó Ditinha, Vovó Barbina, Mãe Benedita, Mãe Cassiana, Vovó Francisca, Vovó Luíza, Vovó Maria Conga, Mãe Maria D'Aguine, Vovó Manuela, Vovó Chica, Vovó Ana, Tia Joana, Vovó Maria, Vovó Maria Maria Redonda, Vovó Catarina, Vovó Luiza, Vovó Rita, Vovó Gabriela, Vovó Quitéria, Vovó Mariana, Vovó Maria da Serra, Vovó Maria de Minas, Vovó Rosa da Bahia, Vovó Maria do Rosário, Vovó Benedita, Mãe Terezinha D'Angola, Tia Zefinha.

Suas consultas são marcadas pelo aconselhamento e acolhimento fraterno, receitam todo tipo de infusões, banhos, chás, defumações e simpatias. Comemoramos seu dia festivo em 13 de Maio que representa a libertação dos negros escravizados no Brasil. As giras dos Avôs e Avós trazem a paciência, paz, fé e humildade para com os outros, propiciando em suas palavras, conselhos e gestos um momento de reflexão em nossa vida, para que possamos dentro de nossas limitações buscarmos novos caminhos e condutas. 

Mesmo que você nunca tenha ouvido falar absolutamente nada sobre umbanda, provavelmente já ouviu alguma coisa sobre uma de suas figuras mais emblemáticas e populares: o Preto-Velho. 

O Preto-Velho é uma linha de trabalho de entidades de umbanda, espíritos que incorporam representando arquétipos de velhos africanos que sofreram nas senzalas na época da escravidão e que morreram de velhice ou torturados.

Os pretos-velhos são conhecidos como contadores de histórias, além de serem ótimos conselheiros, visto serem pacientes, paternais e bastante sábios. Suas palavras costumam ser de esperança, amor e fé; normalmente se dirigem aos seu interlocutores como "meu filho" e "minha filha".

Além disso, no que se refere ao aspecto físico, eles são conhecidos por estarem sempre encurvados, falarem com um tom de voz de idoso e estarem sempre munidos com seu cachimbo, objeto muito característico. 

O Preto-Velho é um espírito que representa o arquétipo de um escravo. Mas o que é um arquétipo?

Segundo o dicionário, arquétipo é um "modelo ou padrão passível de ser reproduzido em simulacros ou objetos semelhantes", ou seja, todos os pretos-velhos agirão seguindo o modelo, o padrão de um escravo. Cada um contará suas histórias e dará conselhos diferentes, mas todos se comportarão como se fossem escravos.

A quem desconhece essa parte da História do Brasil, contamos: entre os anos de 1532 e 1889, negros livres eram trazidos como presos de diversas partes da África para o Brasil. Aqui, tornavam-se mercadorias: escravos. Eram vendidos e usados nas mais diversas tarefas, sobretudo porque éramos, aqui, uma colônia extrativista de Portugal, ou seja, nossos colonizadores extraíam todos os recursos naturais possíveis de nosso país, e isso exigia mão de obra.

Escravos não era pagos; estavam, portanto, condenados a trabalhar exaustivamente até a morte, acontecesse ela em virtude de velhice, de problemas de saúde, de torturas e punições ou por serem pegos após uma fuga. Em mais de 300 anos de escravidão, estima-se que 12 milhões de pessoas chegaram ao Brasil como escravas. Esse número é maior, por exemplo, do que as atuais populações de Bolívia, Portugal, Suécia ou Grécia.

Como é bastante bem-humorado, apesar das dificuldades e das dores (até mesmo literalmente) enfrentadas pelos escravos, o Preto-Velho demonstra que transcendeu todo o sofrimento da vida por meio de sua leveza e de sua sabedoria, e é isso o que ele passa quando se comunica: sabedoria, bom humor, necessidade de contar suas histórias e uma postura paternal, com conselhos positivos e que demonstram cuidado com aqueles com quem está se comunicando.

Além de contarem histórias, os preto-velhos gostam de fumar cachimbo e de benzer seus filhos e suas filhas com ramos de arruda, ao mesmo tempo que aspergem água fluidificada sobre eles e elas e rezam o terço. Volta e meia eles também podem baforar o fumo de seus cachimbos no rosto das pessoas com quem estão se comunicando, o que é visto como um gesto de limpeza e harmonização das vibrações da pessoa que o recebe.

Culto

A data de 13 de maio é considerada quando o desejo é homenagear o espírito do Preto-Velho, porque é o dia em que foi assinada a Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil. Ainda que o Preto-Velho esteja disponível todos os dias, é comum que seus filhos prefiram se comunicar com ele às segundas-feiras. Se você deseja agradar o Preto-Velho com as cores de suas roupas, opte por preto e branco somente.

Há alguns alimentos pelos quais o Preto-Velho tem predileção, como pipoca sem sal, aguardente, bolo de fubá, café sem açúcar, arroz doce e canjica, mas saiba que oferendas feitas sem ser solicitadas por uma entidade não significam nada, isto é, não ajudam nem atrapalham.

Se você deseja ser guiado e ajudado por um Preto-Velho, procure um terreiro, comunique a sua necessidade, receba a ajuda do Preto-Velho e faça uma oferenda somente se ele pedir. Atente-se aos objetos e alimentos solicitados, à data e à hora da entrega e ao lugar onde ela deve ser depositada.

Oração ao Preto-Velho

São várias as orações aos pretos-velhos e há até mesmo seguidores da umbanda que acreditam que eles não têm poder. Como a fé é livre, você pode fazer a conhecida oração abaixo para se comunicar com o espírito do Preto-Velho:

Louvados sejam todos os pretos-velhos.

Louvados sejam vós que formais o santíssimo rosário da Virgem Maria. Santas Almas Benditas, protetoras de todos aqueles que se encontram em aflição.

A vós recorremos, espíritos puros pelos sofrimentos, grandiosos pela humildade e bem-aventurados pelo amor que irradiam. Socorrei-me, pois encontro-me em aflição.

Concedei-me, meus bondosos pretos-velhos, a graça de (pede-se a graça que deseja alcançar) por meio da vossa intercessão junto à Santa Virgem Maria, Santíssima Mãe de Deus e de todos nós.

Dai-me, meus pretos-velhos, um pouco de vossa humildade, de vosso amor e de vossa pureza de pensamentos, para que possa cumprir a minha missão na Terra, seguindo todos os vossos exemplos de bondade.

Louvadas sejam todas as Santas Almas Benditas. Tenham piedade de nós.

Que assim seja!

Se você sente que os conselhos de alguém espiritualizado e bastante sábio seriam de grande ajuda em sua vida, por que não buscar a ajuda de um Preto-Velho? Lembre-se, porém, de sempre buscar orientação em um terreiro quando desejar essa ajuda. Não saia por aí fazendo oferendas que não tenham sido pedidas, pois elas não significam nada. 

"Você que fala da Umbanda não sabe o que a Umbanda é. A Umbanda é força divina, a Umbanda é pra quem tem fé. A Umbanda é de Preto-Velho é de Caboclo de pé no chão. A Umbanda é de gente HUMILDE, pois a Umbanda é amor e perdão"

Saravá os Pretos Velhos !


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